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Os Tristes 125 Anos da Linha de Cascais

João Aníbal Henriques, 30.09.14

 

 

 

No dia 30 de Setembro de 1889 aconteceu a viagem inaugural do comboio na Linha de Cascais. Cumprem-se hoje 125 desde essa data, marcando uma era de crescimento, riqueza e prosperidade que deu forma à ‘Linha do Estoril’ e ao Cascais que hoje conhecemos.

 

Sem a inauguração da linha férrea e a sua posterior electrificação, já sob a genial capacidade de visão de Fausto de Figueiredo, Cascais não seria certamente o que é hoje. O comboio e a linha deram forma a uma nova maneira de se viver, de se ser e de se estar que transformou por completo a paisagem e as gentes que à sua volta se instalaram.

 

Num dia simbolicamente tão importante quanto é este 125º aniversário, a CP poderia ter festejado oferecendo rebuçados aos passageiros, optado por viagens livres entre Lisboa e Cascais, publicado livros para distribuir pelas escolas e pelas crianças da linha, ou mil e uma outras coisas que reaproximariam os Cascalenses do comboio e aprofundariam a identidade local.

 

Mas não. Em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, a CP decidiu comemorar estes 125 anos suprimindo uma série de comboios sem aviso prévio, por alterar horários sem qualquer espécie de critério, amontoando milhares de pessoas pelas estações, sem dar qualquer espécie de informação acerca do previsível retomar dos horários de sempre, e assistindo impavidamente ao desespero de que precisa de chegar ao trabalho, tendo para isso pago os seus passes e bilhetes, sem saber quando isso vai acontecer.

 

E fê-lo, sem que se tenha ouvido sequer um pedido de desculpa aos utentes, porque a opção para comemorar este aniversário foi trazer para Cascais um comboio histórico no qual decorre uma reservada festa com os convidados ilustres de sempre. Parado na estação de Cascais, rodeado de seguranças que impedem que os curiosos de aproximem do comboio antigo antes da chegada de suas excelências, condicionou todo o fluxo de trânsito na linha.

 

Vai ser certamente uma festança memorável com políticos e revistas cor-de-rosa que todos poderemos ver mais tarde no Facebook e nas selfies da moda que eles usarão para se promover.

 

Mas por Cascais e pelos Cascalenses alguém se interessa?