O Estranho Caso da Catalunha
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por João Aníbal Henriques
Quase parece um contra-senso, num Minho cuja beleza extrema e a opulência da paisagem nos oprimem os sentidos, chamar a atenção para a singela Capela de Santo António, em Ponte da Barca, na qual o principal motivo de interesse é precisamente a forma simples como se integra no espaço envolvente.
Datada de finais do Século XVII e princípios do Século XVIII, a capela de Santo António apresenta uma planta simples, de formulação quadrangular, com um alpendre em colunata neoclássica no adro frontal que lhe confere um traço arreigadamente Português.
No interior, expectavelmente simples, são de salientar as pedras sepulcrais epigrafadas, contemporâneas do período de construção do templo, que se conjugam com a ostentação envolvente do altar em talha dourada, de formulação evidentemente barroca, mas envolvido pelos traços decorativos que pendem para o maneirismo tradicionalmente Português. O trabalho de Mestre Frutuoso de Azevedo, dourador de relevo que aqui deixou uma das suas obras mais significantes, transporta-nos para uma ambiência radicalmente diferente daquela que caracteriza a Vila de Ponte da Barca, num laivo arrematado de ostentação que define com clareza os objectivos práticos que levaram à construção do próprio templo.
Simples sem ser humilde, a Capela de Santo António de Ponte da Barca é indiscutivelmente um dos motivos inultrapassáveis de interesse numa visita ao verdejante Minho Português.
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