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cascalenses

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Tesouros de Portugal - Ana Paula Almeida em Freiria, Conceição da Abóboda e na Peninha...

João Aníbal Henriques, 28.04.25

À descoberta dos tesouros escondidos do património português, fazemos um roteiro entre Sintra e Cascais e passamos pelo Museu João Mário, em Alenquer.

Em várias cidades, vilas e aldeias há museus e coleções com peças raras, importantes para o património artístico.

Verdadeiras joias de arquitetura, pintura, escultura, ourivesaria, Arte Sacra, à disposição dos mais curiosos que, por vezes, não sabem onde podem apreciar estes tesouros, pouco divulgados, que ajudam a tecer as malhas da História de Portugal. É o caso da villa romana de Freiria, na freguesia de São Domingos de Rana.

Em Cascais, são vários os espaços de culto. Com uma só nave, e a pedra tumular, de 1579, o destaque vai para a imagem da medieval Nossa Srª do Ó, sendo raras as figuras de Nossa Srª em estado de graça.

A escassos quilómetros, na verdejante Peninha, reconstruída no final do século XIX por António Augusto Carvalho Monteiro, mais conhecido como O Monteiro dos Milhões, que também erigiu e viveu na Quinta da Regaleira, em Sintra, está mais um marco. Também há quem acredite que este local ajude as mulheres a engravidar mais facilmente.

 

Símbolos Papais em Cascais

João Aníbal Henriques, 24.04.25

 

por João Aníbal Henriques

A morte do Papa Francisco que, em linha com o seu pontificado profundamente ecuménico, tocou de forma muito sentida o coração de muitos milhões de pessoas de todos os credos e religiões em todo o planeta, é um dos mais marcantes momentos deste ano de 2025.

Francisco, o 266º Papa desde a fundação da Igreja por São Pedro, chefiou o catolicismo desde o dia 13 de Março de 2013 até à data da sua morte no Vaticano na passada Segunda-feira. Nascido na Argentina, com o nome de Jorge Mário Bergoglio, foi ordenado padre em 1969, encetando assim uma vida de entrega total e absoluta a Cristo e à defesa dos mais pobres e desfavorecidos.

Em 2023, no 10º aniversário do seu Pontificado, viajou para Portugal para presidir às cerimónias integradas nas Jornadas Mundiais da Juventude e, envolvido num registo de emoção e significado, foi o primeiro Papa a visitar o Concelho de Cascais, deixando um registo na História Municipal que perdurará eternamente na memória dos cascalenses.

Mas não se esgota nesta visita a ligação do Papa a Cascais.

Na Estação Arqueológica dos Casais Velhos, junto à aldeia da Areia e das Dunas do Guincho, existe uma antiga fábrica de púrpura fundada no Século I d.C. A tinturaria, classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1984, insere-se num complexo arqueológico de génese romana que integrava igualmente uma zona residencial, uma necrópole e um sofisticado sistema de termas com banhos quentes e frios. Ali, mediante um processo químico desenvolvido nos tanques que ainda hoje podem ser observados, trabalhava-se um marisco comum nestas costas marítimas – o murex – que era triturado e preparado de forma a transformar-se na mais importante tinta da antiguidade.

 

 

De entre os vários rituais simbolicamente essenciais para marcar a dignidade papal, dos quais se destaca a abdicação da sua identidade civil e a escolha de um novo nome logo no início do Pontificado, simbolizando a negação peremptória dos laços que o ligavam à vida terrena de forma a poder assumir de forma plena o papel de representante de Jesus Cristo na Terra, o Papa, após a sua eleição no Conclave, eterniza a ligação à cor púrpura, que define simbolicamente os laços entre as funções sagradas que exerce e o Sacrifício Maior da nossa História, o derramamento do sangue sagrado de Jesus.

Por vezes mal compreendidos, pelo seu carácter vincadamente simbólico, estes rituais ajudam a definir o importantíssimo papel que o Papa sempre teve na vida religiosa, cultural, política e social da Europa e do Mundo.  Integrados nas vestes fúnebres que marcam a despedida terrena do Papa Francisco, lá vemos os sapatos purpurados que representam esse laço de entrega total à Causa Maior que a Cristandade congrega.

E a tinta púrpura, simbolicamente transformada no Sangue de Cristo, foi fabricada nos Casais Velhos, em pleno Concelho de Cascais, de onde era transportada para Roma para “purpurar” as vestes dos mais importantes dignatários da Igreja Católica Apostólica Romana…

 

 

Assumindo a matriz Cristã e Católica desta Europa em que agora vivemos, na qual a Igreja teve papel determinante ao longo de muitos séculos, podemos inferir que Cascais, através da púrpura que se produzia nos Casais Velhos, deu um contributo relevante e de primeira importância para consolidar a civilização ocidental que hoje ainda vamos tendo.

A despedida do Papa Francisco, o primeiro de todos os Papas a visitar Cascais, é assim profundamente sentida neste concelho, não só pelas memórias boas que guardamos do seu Pontificado e da sua mensagem, como também pelas ligações simbólicas que a Nossa Terra sempre teve com a História da Igreja Católica na sua expressa missão de representar na Terra o único e verdadeiro Filho de Deus.

Que descanse em paz.