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cascalenses

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Quando a História de Espanha acontece em Cascais

João Aníbal Henriques, 26.10.20
No dia 20 de Julho de 1936 Cascais foi palco de um acontecimento dramático que mudou de forma drástica e permanente os destinos históricos da Espanha actual. Na localidade da Areia, junto ao areal do Guincho, uma avioneta despenhou-se abruptamente no solo depois de ter tentado descolar de um aeródromo improvisado na pista equestre da Quinta da Marinha. A bordo, depois de ter sido escolhido pelos seus pares para liderar a revolução instituída em Espanha contra a república vigente, seguia o General José Sanjurjo Sacanell, que regressava à sua pátria para dar corpo à mais dura das ditaduras jamais vividas em terras espanholas. O militar, que viveu exilado durante longos períodos no Estoril, organizou a partir desta terra os alicerces do novo regime político que pretendia fazer nascer, encetando em Cascais todos os contactos diplomáticos que lhe permitiram a angariação dos apoios necessário à boa concretização deste seu megalómano projecto. Com o acidente de 1936 em que perdeu a vida, abriu-se uma janela de oportunidade para muitos políticos emergentes nesta Espanha que estranhamente se debatia com adversidades diversas. E o seu lugar enquanto caudilho escolhido para liderar o país neste momento, foi ocupado até 1975 pelo General Francisco Franco, que recriou de acordo com o seu perfil um país completamente diferente marcado antes da sua morte por uma transição pacífica para um novo regime monárquico constitucional que coroa Juan Carlos e permite a institucionalização da democracia que os espanhóis hoje podem viver. Dir-se-á que a História não se faz com suposições, mas se não fosse o acidente ocorrido na Areia em 1936, o destino da Espanha teria sido certamente muito diferente. E Cascais, uma vez mais, acaba por ser eixo-axial de importância fundamental na roda do destino e dos acontecimentos.