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cascalenses

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Um Aborto

João Aníbal Henriques, 20.11.15

 

 

PS, PCP, BE e os Verdes vão aprovar hoje novas mudanças à lei do aborto. Totalmente liberalizado ate às 10 semanas, o aborto vai voltar a ser uma prática médica livre e sem constrangimentos de qualquer espécie. Como se de um método contraceptivo se tratasse, qualquer mulher pode ir ao hospital e abortar livremente.
 
Desta maneira, uma vez mais, os Portugueses serão obrigados a pagar taxas moderadoras se partirem uma perna ou um braço, se tiverem um qualquer acidente, se adoecerem ou se precisarem de mudar de óculos ou de tratar uma dor de dentes.
 
Mas se quiserem abortar é grátis!
 
É este o país que temos. 

O Direito de Abortar

João Aníbal Henriques, 23.07.15

 

 
 
A encerrar o ano parlamentar, a maioria PSD/CDS-PP aprovou finalmente um conjunto de pequenas alterações à Lei do Aborto. Resultantes de uma petição apresentada na Assembleia da República por um conjunto de várias dezenas de milhares de cidadãos e intitulada “Pelo Direito a Nascer”, as mudanças superficiais agora aprovadas representam, ainda assim, um acto de coragem por parte do governo e um contributo importante e efectivo para exista justiça na sociedade portuguesa.

 

 
Fortemente contestadas por toda a oposição, que de forma radical não concebe que se possa sequer discutir livremente uma questão tão importante para o País e que tanto divide os Portugueses (note-se que o não ao aborto ganhou um dos dois referendos que se fizeram), o conjunto de medidas agora aprovadas acentuam a responsabilidade de quem pratica o aborto e procuram responder ao flagelo que representa a utilização desta prática como uma espécie de método anti-concepcional.
 
De facto, sem terem sequer discutido o direito a abortar, que continuará ainda a ser uma triste realidade que põe em causa o singelo e primordial direito de nascer, os deputados introduziram a obrigatoriedade de pagamento de taxas moderadores no aborto, acto de inquestionável justiça se pensarmos que um cidadão que precise de uma cirurgia da qual depende a sua própria vida, já tem de a pagar neste momento. Depois, aprovaram a obrigatoriedade de uma consulta de aconselhamento psicológico prévio a todas as mulheres que pretendem abortar, a que se seguirá, também de forma obrigatória, uma consulta de planeamento familiar depois do aborto. Estas acções, protegendo a mulher, permitem perceber as implicações daquele procedimento, evitando assim a sua banalização que todos infelizmente conhecemos. 
 
Olhando de forma nua e crua para o que está a acontecer, importa sublinhar que o aborto, que para não chocar a sociedade muitos teimam em continuar a chamar “interrupção voluntária da gravidez”, é tão só o acto de interromper uma vida humana ainda dentro do útero da mulher. E importa também, porque é aí que reside a nossa responsabilidade enquanto cidadãos que pugnam pela justiça e pelo direito, perceber que o dito direito a abortar que alguns defendem, implica que outros, completamente indefesos, não tenham sequer o direito a nascer.
 
As medidas agora aprovadas no parlamento, que nada contribuem para resolver a injustiça repugnante de não permitir a alguns que possam sequer nascer, é ainda assim um pequeno contributo para a defesa da vida e do direito a viver.