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Portugal: Uma Pátria sem Povo

João Aníbal Henriques, 11.06.14

 

por João Aníbal Henriques

Num 10 de Junho marcado pelo desmaio do Presidente da República, Cavaco Silva, em se pretendia comemorar o Dia de Portugal e dos Portugueses, assistimos tristemente ao estado de vazio exemplar a que deixaram chegar Portugal.

A cerimónia comemorativa, preparada ao pormenor, foi pensada para a praça principal da cidade da Guarda na qual, em frente à extraordinária fachada da Sé, se conjugavam todas as condições cenográficas para tão importante ocasião.

Mas, estranhamente, destas cerimónias ficou arredado o público – leiam-se os Portugueses – que foram impedidos de aceder àquele espaço. Esta decisão, que nenhuma entidade oficial se dignou explicar, ficou naturalmente a dever-se ao medo da contestação popular. Afinal, no Dia de Portugal e dos Portugueses não é suposto ouvir-se a voz dos próprios…

E, com o desmaio de Cavaco a encher televisões e capas de jornais, fica reduzido ao sorriso cínico do sindicalista perverso perante a adversidade do Chefe de Estado, o estado a que conduziram Portugal.

Sem povo e sem Portugueses, este dia foi somente mais uma oportunidade para o confronto desonroso dos partidos e dos poderes que controlam Portugal, digladiando-se numa luta que coloca os seus interesses à frente dos interesses do País e gerando uma onda de insignificância que se traduz na abstenção eleitoral que todos bem conhecemos e num ódio crescente que ontem todos verificámos.

Dirão que é este o Portugal que temos. Não é verdade.

Este Portugal que encheu a comunicação social, do qual ficaram arredados os Portugueses, é um Portugal artificial, desinteressante, promíscuo, insignificante e reles. É o Portugal do rotativismo eleitoral em que vivemos e que eles teimam em continuar a chamar democracia. Um regime que não respeita os Portugueses, os seus sentimentos e as suas necessidades. Um regime fechado sobre si próprio e a sugar dia após dia, os últimos laivos de uma grandiosidade que a Pátria ainda tem mas que eles estão quase a conseguir matar.

O que ficou deste 10 de Junho?

Nada. Infelizmente para Portugal. 










O Insano Desrespeito dos Partidos Políticos por Portugal

João Aníbal Henriques, 08.10.13

 

 

 

Numa semana pródiga em casos e estórias, o Portugal popular, dos partidos políticos, das televisões e das revistas sociais, embrenha-se em mais duas intervenções que mostram bem o estado de total desrespeito a que chegámos.

 

O primeiro aconteceu na SIC, no espaço de comentário semanal de Luís Marques Mendes, antigo Presidente do PSD, no qual anunciou que o governo se prepara para fechar metade das repartições de finanças do País.

 

Não contente por assumir que tem acesso privilegiado às decisões do governo, ou seja, que está acima dos restantes Portugueses e não se coíbe de pôr a boca no trombone trazendo cá para fora assuntos que teoricamente nem sequer deveria conhecer, o pródigo comentador explica que a medida só não foi anunciada antes porque estávamos em período eleitoral e que, com as eleições autárquicas à porta, o governo não queria “espantar a caça”!

 

Caça? Mas será que ele não perceber que a caça a que ele se refere somos nós? Será que ele não percebe que este tipo de tratamento mostra bem o desrespeito profundo que esta gente devota ao País e aos Portugueses?

 

Depois, na TVI, foi Marcelo Rebelo de Sousa, também ele antigo presidente do PSD, a afirmar que o ministro Rui Machete “é um chuchu para a oposição”, aconselhando-o a demitir-se e a sair pelo seu próprio pé devido aos muitos casos e polémicos que o têm envolvido ao longo dos últimos tempos.

 

O nível de desrespeito que estes comentadores denotam, em linha com um governo repleto de gente que diz e desdiz consoante as notícias dos jornais, que toma decisões irrevogáveis que revoga mais adiante, que nega categoricamente aquilo que pouco tempo depois vem admitir, é ilustrativo do estado de profunda anomia a que chegou Portugal.

 

Nas eleições, o nível de abstenção é inaceitável, composto por gente que não está disposta a jogar o jogo sujo que os partidos políticos nos impõem. E os partidos estranham… No País real, o desemprego estrutural, a falência económica, o descrédito dos bancos, dos tribunais e das instituições, não se compadece com as brincadeiras que estes senhores nos impõem.

 

Faz falta um novo fôlego, uma nova alma e novas gentes em Portugal.

 

Estes que agora temos não prestam!