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O Círio de Nossa Senhora do Cabo na Paróquia de Cascais

João Aníbal Henriques, 02.12.16

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
Depois de um interregno de mais de 50 anos desde a sua última visita a Cascais, a Veneranda Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Cabo regressou à Nossa Terra, no ano de 2002-2003 retomando assim o milenar Círio Saloio do Cabo Espichel.
 
A iniciativa do então Prior de Cascais, Padre Raul Cassis Cardoso, foi essencial para a recriação daquela que é uma das mais antigas tradições Cascalenses. Numa parceria com a Sociedade Propaganda de Cascais, que nessa altura assumiu a responsabilidade de recuperar a memória ancestral daquele importante acto devocional, foi possível reconstituir os rituais que a passagem do tempo havia feito esquecer e recriar toda uma existência religiosa que há muito tempo não existia nesta Freguesia.
 
 
 
 
Para o êxito desta iniciativa, que consolidou de forma efectiva a Identidade Cascalense, foi essencial o trabalho conjunto e o apoio da então Câmara Municipal de Cascais, presidida pelo Dr. António Capucho, da Junta de Freguesia de Cascais, Presidida por Pedro Silva, e da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais. Mas, acima de tudo, foi de primordial importância a forma extraordinariamente empenhada e motivada que caracterizou a participação dos cascalenses e das diversas instituições da sociedade civil de então nas muitas cerimónias que fizeram parte deste Círio.
 
 
 
 
O Círio de Nossa Senhora do Cabo Espichel, expressão ancestral de uma devoção profundamente ligada à terra e à sobrevivência das comunidades dela dependentes, recupera a antiga lenda do aparecimento de Nossa Senhora a um saloio de Alcabideche precisamente no ponto de ligação entre Cascais e Sintra. O investigador Vítor Adrião, no seu livro “Sintra Serra Sagrada”, aponta expressamente a sobreposição simbólica do Cabo Espichel, promontório sagrado da Portugalidade, à imagem ideal do Monte Carmelo, eixo de Fé da comunidade religiosa carmelita que em Cascais veio ocupar e dinamizar o antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade e que, dessa forma, congregou as mais sublimes expressões da sabedoria sagrada na comunidade Cascalense. Diz Adrião que “os dogmas teologais terão servido, tão só, de capa protectora, ante o vulgo profano, ao entendimento iluminado da Sabedoria Divina oculta dentro das paredes pias deste Colégio de Filosofia, esta que é, sabe-se, o umbral dialéctico da Teosofia”.
 
O Círio Sagrado de Nossa Senhora do Cabo, profundamente sentido pela comunidade cascalense, insere-se assim numa dinâmica de Fé da qual depende a existência efectiva dos mais ancestrais arquétipos de pensamento de Cascais. É essa ligação, quantas vezes menosprezada ao longo da História mais recente desta terra, que determina e possibilita a criação e desenvolvimento dos laços essenciais de cidadania comunitária na Nossa Terra.
 
 
 
 
A memória colectiva de Cascais, em 2002-2003 como em todas as outras vezes em que a Imagem de Nossa Senhora do Cabo por aqui passou, ficou profundamente marcada por este acontecimento que só se repetirá, no âmbito da concretização da praxis determinada pelo ancestral círio saloio, em 2032. Nessa altura, recuperando as memórias calorosas que marcaram o início do Século XXI e o despontar do novo milénio, Cascais renovará os votos de Fé e devoção que marcaram sempre a sua História, reforçando os vínculos de cidadania que esta última visita de Nossa Senhora do Cabo foi capaz de fazer renascer.
 

A bem de Cascais!

 
Fotografias da autoria de Sara Liberdade

João Sande e Castro e as Contas do Desporto em Cascais

João Aníbal Henriques, 17.10.16

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Um dia chegava eu à reunião […] e ia-se votar a construção do centro comercial CascaisVila. Após duas horas de discussão acesa e quando já passava das oito da noite, Judas perguntou, como é da praxe: ‘quem vota contra?’ Dei por mim sozinho com a mão no ar. Não que me arrependa de o ter feito. Pelo contrário, sinto bastante orgulho nisso. Apenas eu na altura fiquei um pouco espantado por ser o único a votar contra, por os meus colegas da oposição não terem votado em igual sentido.”
 
 
42 anos depois da revolução da liberdade, o prestar de contas político é de uma raridade confrangedora! E esse facto conduz a um progressivo afastamento entre eleitores e eleitos e a  um desinteresse generalizado que vai matando de forma paulatina a própria democracia.
 
O exercício da democracia, quando é concretizado sobre a escolha de propostas e programas por parte dos eleitores, só se completa quando os eleitos prestam contas do que fazem. A transparência relativamente ao que se fez e às opções que se tomaram, quando tudo isso acontece em consciência, pressupõe que ao eleitor é dada toda a informação. É esta que lhe permite analisar o desempenho do eleito e perceber quais foram os seus critérios de governação.
 
E foi isto precisamente que fez João Sande e Castro, antigo vereador da Câmara Municipal de Cascais que, num acto inédito na Nossa Terra, apresentou publicamente o seu livro “Desporto em Cascais”.
 
Passando em revista o seu trabalho à frente do Pelouro do Desporto na edilidade Cascalense, o ex-autarca analisa de forma detalhada cada projecto, cada iniciativa e cada decisão que tomou durante o período em que durou o seu mandato, explicando quais foram as ideias e os critérios que presidiram à sua actuação e as opções que tomou relativamente a quase tudo aquilo que lhe passou pelas mãos.
 
Podemos concordar ou discordar com as suas escolhas. Podemos acompanhá-lo nas suas opções político-ideológicas ou situarmo-nos nas antípodas das mesmas. Mas ninguém pode negar que, com este livro, João Sande e Castro presta um contributo inestimável para a consolidação da democracia e para o exercício de rigor e transparência que quase sempre falta nesta Nossa Terra.
 
E quando assim é, só pode ser a Bem de Cascais!...
 
 
 
 
João Sande e Castro tutelou o pelouro do desporto na Câmara Municipal de Cascais durante 12 anos. 
Neste livro descreve, de forma informal, o que foi a sua experiência na vereação e as 
relações da autarquia com os clubes do concelho.

As Armas de Cascais

João Aníbal Henriques, 04.10.16

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Representando a História e os principais valores associados à actividade piscatória no Concelho, o Brasão de Cascais foi aprovado pela Comissão Administrativa de Cascais em Abril de 1934.

 

A constituição heráldica das armas do Concelho, assente na Portaria nº 7839 desse mesmo ano, define com muita clareza os contornos do símbolo oficial de Cascais: "De prata com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, sobre uns rochedos de negro, saindo de um ondado de prata e de verde. O ondado coberto de uma rede de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres Câmara Municipal de Cascais a negro. Bandeira vermelha. Cordões e borlas de prata e de vermelho. Lança e haste de ouro. Selo circular tendo ao centro as figuras das armas sem indicação dos esmaltes, tudo dentro de círculos concêntricos, com os dizeres Câmara Municipal de Cascais”.

 

A descrição oficial da simbologia municipal, explicada no próprio website oficial da Autarquia (www.cm-cascais.pt), diz que “o castelo representa a praça-forte, que impusera Cascais enquanto sentinela avançada de defesa da entrada do Tejo e, consequentemente, de Lisboa. Já o esmalte vermelho do castelo é a cor que, heraldicamente, significa vitória, ardis e guerras, e representa ainda a vida, a alegria, o sangue e a força. Por sua vez, a prata do campo das armas demonstra humildade e riqueza, qualidades dos naturais da região. O negro dos rochedos representa a terra e significa firmeza e honestidade, qualidades que também sempre distinguiram os naturais de Cascais. Note-se que o ondado de prata e o verde são as cores indicadas para simbolizar o mar, tanto mais que heraldicamente o verde corresponde à água e significa esperança e fé. Finalmente, a rede representa a vida activa dos cascalenses e o seu sustento, tendo a cor escolhida sido o ouro, que significa fortuna, poder e liberalidade. Refira-se, ainda, que o vermelho da bandeira teve por base a cor do castelo, o elemento principal das armas. A prata da coroa mural obedece à norma estabelecida para simbolizar as vilas”.

 

Apesar da importância destes símbolos na definição da Identidade Municipal de Cascais, com implicações práticas no devir quotidiano dos Cascalenses, têm sido vários os executivos municipais que optaram por recriar símbolos não oficiais que, utilizando estratégias de marketing que respondem a interesses propagandísticos distintos, acabam por desvirtuar e desformatar a imagem municipal.

 

O primeiro a proceder desta forma foi o Presidente José Luís Judas. Com o objectivo de demarcar a sua gestão do período precedente, optou por alterar o logotipo de Cascais. Embora mantendo o brasão oficial de forma integrada no novo desenho, acrescentou um facho de fogo cujo significado ainda hoje Cascais tem dificuldade em interpretar. Depois, com a chegada do Presidente António Capucho, tudo mudou novamente. Provavelmente com o mesmo objectivo de diferenciação relativamente ao período precedente, lá caiu definitivamente a heráldica oficial do município que foi substituída por um quadrado encarnado no qual surgia a letra C. E quando ele saiu, mantendo-se no entanto à frente dos destinos do Concelho a mesma coligação de partidos por ele criada, o logotipo foi alterado novamente, possivelmente respondendo à mesma necessidade de afirmação propagandística que enformara as alterações anteriores. Desta vez desaparece o quadrado e o nome Cascais surge em negativo sobre um rectângulo cinzento, com as letras esburacadas por pequenos círculos aleatoriamente colocados.

 

Dir-se-á que é somente uma questão de gosto e que as alterações sucessivas representam unicamente a passagem do tempo. Mas não é. Cada uma destas operações tem significativos custos associados que, sendo pagos pelos Cascalenses, não trazem nenhum benefício ao Concelho. Por outro lado, ao alterarem os símbolos que nos representam, deturpam a Identidade de Cascais, conduzindo a uma anomia generalizada que impede a representação efectiva dos Cascalenses.

 

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, aludindo à importância dos símbolos para a Identidade de Portugal, refere que “A diluição espiritual e cultural de um povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje sem futuro”.

 

Ninguém quer que isto aconteça na Nossa Terra!...

 

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Os Passadiços da Cresmina em Cascais

João Aníbal Henriques, 06.04.16

 

 
 
Também se fazem coisas boas em Cascais!
 
As Dunas da Cresmina, situadas a Norte da Praia do Guincho, em direcção à Areia, são uma das peças mais importantes do património natural e paisagístico de Cascais. Repletas com um conjunto de espécies vegetais únicas, com peças que já são raras na natureza, as dunas possuem um enquadramento cenográfico de grande impacto, enquadrando o imenso areal do Guincho no sinuoso percurso do Vale da Foz e tendo como pano-de-fundo a Serra de Sintra e o Cabo da Roca.
 
 
 
 
Os passadiços de madeira que foram construídos no local, em 2011, pela Câmara Municipal de Cascais, para além de servirem para preservar o conjunto dunar, sempre sensível ao pisoteamento e à actividade humana, permitem ao público um usufruto confortável do espaço. Devidamente inseridos na paisagem e até reforçando a sua beleza natural, são hoje um importante contributo para a oferta turística da Costa do Estoril.
 
Depois de um período de alguma incúria, durante o qual vários troços se foram degradando, foi recentemente efectuada uma nova intervenção que, prolongando o passadiço Sul até junto da extrema do parque de campismo, reforça a atractividade do local, tocando vários tipos de ecossistemas que passam a ser observáveis pelos passeantes.
 
Pena é que da estrutura original a edilidade tenha optado por abandonar definitivamente o troço que passava junto à mãe-de-água da Cresmina, num dos passadiços mais utilizados durante a primeira fase do projecto, uma vez que essa peça do património Cascalense faz parte da estrutura arqueológica dos Casais Velhos, do período romano, apresentando um conjunto de potencialidades culturais e turísticas que enriquecia o espaço.
 
 
 
 
O património histórico é, aliás, o elemento que falta neste projecto. A identificação das espécies vegetais que se podem observar no local e os painéis que explicam o contexto espacial e a fauna que por ali subsiste, estão bem preparados e cumprem o seu duplo objectivo de explicar e ensinar quem por ali anda, faltando somente (pelo menos) uma alusão à História da Cresmina que, sendo desconhecida da maioria do Cascalenses, tem uma importância extraordinária na definição da Identidade de Cascais.
 
Apesar de tudo, tem nota muito positiva esta recente intervenção, que devolve aos Cascalenses um dos recantos encantados da Nossa Terra. 
 
 

 

 

 

As Dunas do Guincho: Um Apelo Sentido de Todos os Cascalenses

João Aníbal Henriques, 16.02.14

Quando a Câmara Municipal de Cascais inaugurou, em Julho de 2011, os passadiços de madeira nas Dunas do Guincho (Praia da Cresmina), ainda sob a presidência de António Capucho, foi grande o júbilo dos Cascalenses.

Apesar de os projectistas se terem “esquecido” de integrar no percurso maravilhoso as três peças do património de Cascais que lhe estão adjacentes (a mãe-de-água da Cresmina, o Aqueduto Romano e o Povoado dos Casais Velhos) e de ter perdido a oportunidade para os recuperar, esta intervenção oferecia ao turismo do Estoril uma nova e extraordinária ferramenta de trabalho que, para além de permitir o acesso a um dos mais bonitos recantos do Concelho de Cascais, deslumbrando todos aqueles que tivessem a sorte de saber da sua existência, também servia como contributo importante para preservar (e recuperar) as dunas da Cresmina.

Mas agora, em 2014, depois de se ter mudado a presidência da C.M.C. e de as eleições terem sido ultrapassadas, a situação em que se encontra este equipamento é muito diferente.

Fruto da incúria e do desleixo, a degradação tomou conta do passadiço e, em alguns troços, para além de ter desaparecido a corda que marcava o percurso e que protegia as dunas consolidadas, existem sinais evidentes de destruição da própria estrutura em madeira.

Agora, são muitos aqueles que voltaram a pisotear e a destruir os habitats naturais e as próprias dunas, em linha com o ar de abandono em que se encontra toda a estrutura, destruindo assim uma parte substancial da riqueza natural de Cascais e das potencialidades turísticas do local.

Mais preocupante ainda, dado tudo isto ter sido feito e pago com verbas públicas, ou seja, dinheiro que pertence a todos os Cascalenses, é percebermos que se a recuperação da estrutura não vier a acontecer num curto espaço de tempo, e não for seguida de um esforço continuado de manutenção, perderemos definitivamente mais este equipamento.

 

Agora que as eleições autárquicas já passaram, esperemos que as europeias que aí vêm e as legislativas que se lhes seguem, sejam argumentos suficientes para que a Autarquia tome em mãos a resolução do problema... 

 

 

 








António Capucho e a Democracia do PSD

João Aníbal Henriques, 12.02.14



por João Aníbal Henriques

Sabendo-se de antemão que iria acontecer, até porque antes de iniciado o julgamento, os juízes já haviam anunciado a sentença que dele viria a resultar, não deixa de chocar a expulsão do Social-Democrata António Capucho do PSD.

A primeira grande questão que se coloca tem a ver com o próprio perfil de António Capucho. Fundador do PSD, onde esteve desde a primeira hora com Sá Carneiro, o ex-autarca de Cascais desempenhou ao longo das últimas quatro décadas cargos de grande destaque na vida política Nacional, dando corpo e cara pelo seu partido e, principalmente, pela ideologia Social-Democrata na qual acredita e que sempre defendeu. Foi Secretário-Geral do partido, deputado, secretário de estado, ministro e líder do grupo parlamentar, antes de ter decidido dedicar-se à sua terra, ganhando a presidência da Câmara Municipal de Cascais por três vezes e de ter sido um destacado membro do Conselho de Estado.

Ou seja, Capucho representou, defendeu e lutou pelo seu partido e pela Social-Democracia uma vida inteira e parece que o PSD sempre valorizou o que ele fez. Agora, sem apelo nem agravo, de forma cega e pela mão de “escravos dos estatutos” resolveu que já não lhes interessava tê-lo com eles. E das duas uma: ou mudou António Capucho – o que efectivamente é notório que não aconteceu – ou mudou o PSD…

Enquanto edil de Cascais, concorde-se ou não com todas as decisões tomadas por ele, António Capucho assumiu uma postura de grande rectidão no cumprimento daquilo que propôs aos munícipes que o elegeram, por três vezes e sempre com maioria absoluta… Foi capaz de se manter irredutível no travão à especulação imobiliária que grassava em Cascais, lutando contra poderes enormes e muito consolidados no Concelho e, depois, com um grau de respeito pelos outros e por quem pensa de forma diferente (coisa a que Cascais já não estava habituado), tratou sempre com consideração os cascalenses que a ele se dirigiram, ouvindo as suas ideias e propostas, aceitando algumas e recusando outras, mas sempre com o cuidado de explicar as suas decisões e de as transmitir com respeito por aqueles que as enviaram.

Esta prática foi, aliás, a mesma que o levou a deixar a Câmara de Cascais, entregando a herança do seu trabalho ao PSD e de, em linha com a decisão tomada pela Concelhia local do partido, apoiar e integrar a candidatura do partido em Sintra…

Mas o partido, esse que ele ajudou a criar e que sempre defendeu, já não se guiava pelos princípios de sempre e pela doutrina deixada por Sá Carneiro. A rectidão e a linearidade da sua prática, conjugada com a honestidade e a verdade que serviram de guia ao seu trabalho autárquico, chocavam de sobremaneira com os interesses instalados, com a prática suja que se havia institucionalizado e com um conjunto de gente que defendia ideias diferentes. Os novos dirigentes nacionais do partido, contrariando a vontade dos seus militantes de Sintra, os interesses de Sintra e dos Sintrenses e (pasme-se) até os interesses eleitorais do próprio PSD, decidiram pura e simplesmente anular a candidatura já anunciada e expulsar do partido aqueles que ousaram manter a rectidão da sua prática social-democrata.

Se, numa primeira perspectiva parece ser um problema interno do PSD, que deveria incomodar unicamente os militantes daquele partido e não a generalidade dos Portugueses, uma análise mais atenta permite verificar que o não é. Pelo contrário. Com a decisão que agora tomou, o PSD assume um paradigma de funcionamento assente em pressupostos que, dadas as responsabilidade que o partido teve, tem e terá ainda nos destinos de Portugal, extravasa de forma preocupante as suas fronteiras internas e implica gravemente no devir quotidiano dos Portugueses em geral.

Utilizando um guião de práticas que parece decalcado do que de pior se fez em Portugal há cem anos atrás, quando as eleições eram uma farsa na qual todos fingiam acreditar, a liberdade era uma utopia para artistas desolados e a democracia uma palavra vã que não servia para nada, o PSD voltou ao caciquismo trauliteiro que se rebola perante as revogações reiteradas das decisões irrevogáveis, sem laivo de vergonha, de princípios ou de confiança.

Este partido novo que agora governa Portugal, como infelizmente os restantes do dito arco do poder, vive encerrado sobre si próprio, sobre os seus líderes que fazem assentar o poder nos exércitos de apaniguados que se vão digladiando pelos lugares e pelas migalhas que o exercício rotativo do poder lhes vai deixando…

António Capucho já não cabe neste PSD, porque morreram as ideologias, os princípios, os valores, a educação e o respeito. Assuma-se que com eles também já morreu a liberdade e a democracia.

E se os Portugueses não forem capazes de lhes retirar o poder, vai morrer também Portugal. 

O Fim da Agenda Cultural de Cascais

João Aníbal Henriques, 27.12.13

Desejada pelos Cascalenses desde há muitas décadas, e concretizada somente em 2003 sob a presidência de António Capucho com o entusiasmo de António Carvalho, Cascais teve, durante uma década, uma excelente Agenda Cultural.

Com periodicidade bimestral, a Agenda Cultural de Cascais incluía toda a programação cultural do Concelho e pequenos apontamentos historiográficos sobre peças importantes – e por vezes mal conhecidas – do Património Cascalense. Era um instrumento indispensável para todos aqueles que tinham vontade de usufruir da muita e excelente programação cultural de Cascais e, para muitos, chegava mesmo a ser uma espécie de objecto de culto que comerciantes e munícipes coleccionavam, pelo valor intrínseco de memória que a mesma continha.

Quando saía, era normal vê-la nas mãos dos que circulavam pelas colectividades, academias, associações e demais instituições do concelho, bem como dos munícipes seniores que se habituaram a encontrar ali toda a informação acerca do que de melhor se fazia em Cascais.

Este mês, alegando uma pretensa “sustentabilidade económica dos projectos” , o recém-eleito executivo municipal decidiu extinguir a versão em papel da Agenda Cultural e, contrariando a vontade expressa pelos Cascalenses há muitos anos, passar a produzi-la exclusivamente numa versão online.

Perde-se tudo. Perdem-se as memórias, a ligação e a informação dos Cascalenses em relação às memórias de Cascais. Perdem os produtores culturais do Concelho que, a partir de agora, deixam de te um instrumento de promoção do seu trabalho. Perde a identidade de Cascais que, na lógica do poder político municipal, não vale o custo de impressão da Agenda Cultural.

A Agenda Cultural não incluía propaganda política e não servia outros interesses que não os da cultura da Nossa Terra.

 

Mais uma vez perde Cascais. Infelizmente…