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cascalenses

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O Segredo da Casa Real Inglesa em Cascais

João Aníbal Henriques, 26.05.23

 

por João Aníbal Henriques

Existem sempre ‘ses’ quando analisamos a História. Se tudo se tivesse passado de outra forma; se as decisões tivessem sido diferentes; se os acontecimentos se tivessem concretizado de outra maneira… tudo teria sido diferente.

Mas em Cascais, desde sempre palco privilegiado para a criação dos cenários que dão forma à História e ao Mundo, concentram-se grandes episódios que marcaram de forma decisiva os destinos da Europa e da própria humanidade.

Um dos mais desconhecidos, até pela susceptibilidade que lhe estava associada na época estranha em que aconteceu, aconteceu na Casa da família Espírito Santo, onde o cenário idílico em plena Enseada de Santa Marta enquadrou vários episódios rocambolescos que se tivessem ocorrido de outra forma teriam condicionado de sobremaneira a História do Mundo.

 

 

Durante a II Guerra Mundial, contrastando de forma aparente com a neutralidade assumida pelo Estado Português, Cascais e os Estoris foram palco de grandes movimentações nas áreas da espionagem e da contra-espionagem que alteraram de forma radical o rumo da guerra e, por consequência, o Mundo em que actualmente vivemos.

Em 1939, logo no início da guerra, chega ao Estoril o chefe SS Walter Schellenberg a quem a Gestapo havia incumbido com a muito difícil missão de dirigir os serviços secretos alemães no estrangeiro. No Estoril, para evitar percalços de maior com a presença do antigo Rei Inglês Eduardo VIII, que esteve alojado com a sua mulher na casa do banqueiro Ricardo Espírito Santo (que o MI16 registou como sendo agente alemão) junto à Boca do Inferno, em Cascais, o plano era de raptar os Duques de Windsor e de os remeter para um outro país onde a presença dos serviços ingleses fosse menos relevante e no qual as forças germanófilas pudessem ter um controle efectivo sobre as suas actividades, na perspectiva de uma eventual invasão alemã ao Reino Unido e a colocação no trono do antigo monarca cuja simpatia pela causa nazi era pública e reconhecida.

 

 

Para cumprir esta missão que os serviços secretos alemãoes designaram como “Operação Willi”, Schellenberg recebeu ordens directas e precisas do próprio Joachim von Ribbentrop, Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, para acompanhar o monarca deposto num dia de caçada em território português e para garantir que durante a actividade os Duques seriam raptados pelos espiões alemães e levados em segredo para outro lugar.

No entanto, devido ao conhecimento que havia acumulado nas muitas missões de espionagem perpectradas no Estoril, Walter Schellenberg opta por alterar os planos, permitindo que Eduardo VIII e Wallis Simpson tivessem partido sob orientação de Winston Churchill para as Bahamas alterando assim em definitivo o papel desempenhado pelos ingleses no decurso da guerra e determinando muito provavelmente o desfecho da mesma a favor dos aliados.

O palco onde tudo isto se passou, montado sobre cenários inesperados, contraditórios e tantas vezes inebriantes, foi o triângulo estorilense que compreendia o Hotel Miramar, o Hotel Palácio e o Casino Estoril, provavelmente o único lugar no Mundo onde em pleno fulgor da guerra seria possível manter-se tão profícua e apaixonante actividade por parte de ambos os partidos envolvidos na guerra.

 

 

Se tudo tivesse acontecido de outra maneira, Eduardo VIII teria regressado ao trono britânico sob a tutela do III Reich e, muito provavelmente, o desfecho da II Guerra Mundial teria sido muito diferente.

O segredo que este recanto encantado teima em guardar, é assim motivo maior para percebermos a importância que Cascais teve e tem na definição dos rumos que o Mundo vai tomando. Ali, onde as velhas lendas locais se cruzam com os factos mais inusitados da História de Portugal, se definiu o rumo que determinou a existência do Mundo em que hoje vivemos.

Veja AQUI este segredo de Cascais:

A Lenda da Boca do Inferno

João Aníbal Henriques, 07.12.16

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
A dicotomia entre o mal e o bem, num jogo em que as memórias efectivas se misturam amiúde com as entoações próprias dos sonhos, assume especial importância na Boca do Inferno, em Cascais, um recanto encantado no qual se conjuga uma paisagem extraordinária com uma inesquecível história.
 
Diz a lenda que naquelas paragens, num castelo cujas memórias pétreas nunca chegaram a olhos humanos, vivia um gigante maligno que padecia do maior dos males que afectam a humanidade: o amor. Profundamente apaixonado por uma donzela maravilhosa que não o correspondia, resolveu tomar medidas drásticas e consumar o seu amor de forma subliminar. Montado no seu cavalo, atacou o palácio onde a donzela vivia com o seu pai e raptou-a levando-a para o seu castelo de Cascais.
 
 
 
 
A donzela, apaixonada por seu turno por um ilustre cavaleiro que há muito a cortejava, não cedeu às intenções do gigante. E este, para apaziguar o seu ímpeto, fechou-a no alto da maior torre do seu castelo, prendendo-a até que ela se convencesse da necessidade de claudicar ao amor que ele lhe queria dar.
 
Mas o noivo apaixonado, tomado da força que só o amor consegue despoletar, insinuou-se no castelo e conseguiu libertou a sua amada, fugindo dali numa cavalgada desenfreada no seu magnífico cavalo branco que quase parecia voar.
 
 
 
O gigante, quando deu conta da fuga da donzela ficou furioso. Com artes mágicas que só ele conhecia e os ímpetos malignos que a fúria imensa havia despertado, lançou uma praga sobre os fugitivos e sobre eles fez crescer uma enorme tempestade.
 
Apanhados pela intempérie nuns rochedos junto ao mar, o casal de apaixonados tudo fez para conseguir fugir da influência do seu maléfico perseguidor. Mas, provocando um sismo que partiu as arribas e fendeu o chão, o gigante fez abrir sob os seus pés um enorme buraco onde ambos caíram com o seu cavalo e onde desapareceram para sempre sem eixar rasto.
 
Estava aberta a porta para o inferno e esta jamais se voltaria a fechar…