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A Capela de São Sebastião em Cascais

João Aníbal Henriques, 26.09.16

 

 
 
 
por João Aníbal Henriques
 
Passaram-se muitos meses desde que o temporal do Outono de 2015 destruiu o cruzeiro, o alpendre e o adro da Capela de São Sebastião, em Cascais. Mas, finalmente, foram efectuadas as obras de recuperação e reposta a dignidade daquela importante peça do património cascalense.
 
A Capela de São Sebastião, construída provavelmente em 1628, atendendo à inscrição existente na base do seu cruzeiro, possui um interessante conjunto azulejar cujas origens dispersas não se conhecem com exactidão.
 
A sua localização, fora da localidade e já muito perto da Enseada de Santa Marta, terá sido determinante para a sua formulação arquitectónica simples, em estilo dito “chão” e para as suas origens eminentemente ruralizantes. Situada originalmente na cerca do antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade (actual Centro Cultural de Cascais), seria certamente posto avançado de oração e recolhimento daquele importante núcleo religioso da Vila de Cascais.
 
 
 
 
De acordo com alguns autores, serão do antigo convento, que foi construído em 1594 por D. António de Castro, então Senhor de Cascais e pela sua mulher D. Inês Pimentel, alguns dos painéis de azulejos que hoje se podem ver na capela e nas zonas envolventes. O mais importante, hoje colocado de forma cenicamente impactante no jardim construído no local pelos Condes de Castro Guimarães, é precisamente a “Procissão Alquímica” em que Nossa Senhora é transportada aos céus numa imensa carruagem inserida num cortejo do qual fazem parte algumas das mais importantes figuras da imagética transcendental da Portugalidade Sebástica.
 
O certo é que quer na figura “Civitates Urbius Terrarum” da autoria de Georgius Branius, de 1572, quer na planta geral da Vila de Cascais, datada de 1594 e guardada no Arquivo Geral de Simancas, a pequena capela surge expressamente representada, sendo certo, por esse motivo, que já nessa altura fazia parte do património religioso da localidade.
 
 
 
 
Na parede do adro, com datação provável dos finais do Século XVII, e correspondendo a uma das campanhas de obras de remodelação que o edifício terá sofrido ao longo da sua história, existe um painel azulejar polícromo dedicado ao Santíssimo Sacramento e, como não poderia deixar de ser numa peça de património de índole rural, à Imaculada Conceição da Virgem Maria. Uma vez mais, como é evidente, cerca de dois séculos antes de o Papa Pio IX, através da bula Inneffabilis Deus, ter solenemente definido a Imaculada Conceição como dogma, em linha com o que acontece com as principais orientações cultuais no Portugal de então e, especialmente, com as ancestrais tradições religiosas existentes no Concelho de Cascais.
 
O orago Sebastianista da capela, apelando ao supremo poder de Deus perante os homens e à permanente necessidade destes de tentarem impor a sua vontade, recupera também ele os laivos dessa paulatina degeneração dos cultos mais antigos das populações locais que, depois de Cristianizados, acabam por integrar-se de forma definitiva no conjunto de pressupostos sagrados que dão forma à Fé local.
 
 
 
A recuperação da Capela de São Sebastião, para além de um importante contributo para a consolidação da vocação turística municipal, que depende da existência de uma oferta significante que concretize a Região do Estoril como um destino turístico de excepção no contexto europeu, significa ainda o assumir da Identidade Cascalense, assente num imaginário colectivo na qual as memórias físicas se cruzam quase sempre com os vestígios materiais de gerações ancestrais.
 
É, por isso, uma boa notícia para a Nossa Terra!
 

O Triste Caso da Capela de São Sebastião em Cascais

João Aníbal Henriques, 16.03.16

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No Outono passado a Capela de São Sebastião, situada no Parque do Gandarinha junto à entrada do Museu dos Condes de Castro Guimarães, foi bastante danificada por um temporal. O seu alpendre, o adro e o cruzeiro fronteiro à mesma, foram destruídos pela intempérie e a edilidade fechou o espaço para prevenir eventuais danos para os visitantes.

 

Passaram-se até agora muitas semanas desde aquele triste acontecimento e a dita capela, monumento importante da memória patrimonial de Cascais, continua no mesmo estado de ruína. Pela sua frente passam diariamente centenas de passeantes e turistas, não só aqueles que vão visitar o museu, como também todos os que atravessam o parque a partir da entrada da marina.

 

Com um clima de feira permanente instalado em Cascais, em que se montam-desmontam-e-voltam-a-montar barracas que enchem os mis emblemáticos recantos da vila, a Câmara Municipal de Cascais ainda não teve tempo nem vontade para arranjar os estragos na capela.

 

É indecente.