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cascalenses

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Um Aborto

João Aníbal Henriques, 20.11.15

 

 

PS, PCP, BE e os Verdes vão aprovar hoje novas mudanças à lei do aborto. Totalmente liberalizado ate às 10 semanas, o aborto vai voltar a ser uma prática médica livre e sem constrangimentos de qualquer espécie. Como se de um método contraceptivo se tratasse, qualquer mulher pode ir ao hospital e abortar livremente.
 
Desta maneira, uma vez mais, os Portugueses serão obrigados a pagar taxas moderadoras se partirem uma perna ou um braço, se tiverem um qualquer acidente, se adoecerem ou se precisarem de mudar de óculos ou de tratar uma dor de dentes.
 
Mas se quiserem abortar é grátis!
 
É este o país que temos. 

Síria, Refugiados e Atentados

João Aníbal Henriques, 20.11.15

 

 
 
A Síria é governada por Bashar Hafez Al-Assad desde Julho de 2000. Chegou ao poder sucedendo ao seu pai, que governou o país com mão de ferro durante 30 anos e depois da morte inesperada do seu irmão mais velho que deveria ter herdado o cargo.
 
A sua formação em medicina e o percurso académico na Europa, tornaram-no numa esperança para o Ocidente que via como possível facilitador de uma mudança democrática no tradicionalmente radical regime político daquele país. Mas não foi. Al-Assad, cumprindo a vontade do pai e mantendo o status quo antigo da Síria, manteve um regime autoritário e gerou descontentamento numa larga facção do seu próprio povo, basicamente porque sendo ele um alauita, facção religiosa minoritária no país, teve desde logo a oposição da Liga Árabe e das correntes mais ocidentalizadas do Islamismo local.
 
Tal como aconteceu com vários dos seus colegas árabes radicais, Al-Assad foi pressionado durante a denominada Primavera Árabe a abandonar o poder. Mas, tal como os outros, recusou-se a faze-lo e deu corpo à luta contra os oposicionistas. Ao contrário de Saddam Hussein ou de Muammar al-Gaddafi, que foram completamente cercados pelas forças internacionais e presos e mortos para gáudio do Ocidente, Al-Assad conseguiu, mediante negociatas relacionadas com o controle do petróleo e de outras riquezas estratégicas do seu país, chegar a acordo com a Rússia, impedindo assim o cumprimento do fim sangrento que caracterizou a queda dos seus vizinhos de outros tempos.
 
A guerra civil na Síria é, a um tempo, o resultado deste impasse nas relações políticas internacionais entre o dito Ocidente (que mais não é do que a personificação da vontade e da força dos Estados Unidos da América) e a Rússia. Nada tem a ver com a vontade, as necessidades e a determinação do povo Sírio. Esse, sem nenhuma palavra a dizer no processo, sofre com os ataques das forças governamentais armadas pelos russos, dos ditos rebeldes armados pelos EUA e dos radicais do estado islâmico e demais seitas que por al proliferam. E, para não morrer imediatamente à mão desta gente, deita-se ao Mediterrâneo e foge para a Europa em busca de um sonho grandioso que se esgota na pequenez daquilo que simplesmente procuram: a paz.
 
Como é evidente, no meio da amálgama de interesses que proliferam no caos imenso em que a Síria se transformou, existem terroristas que se aproveitam das muitas fragilidades daí resultantes. Matam e morrem do alto da sua tenra idade, depois de alguns insanos radicais terem semeado nos seus cérebros inflamáveis as orgias insanáveis dos infernos terrenos… e já estiveram em Londres, em Madrid, em Paris e agora já todos sabem que estarão em todo o lado.
 
E muitos dos ocidentais, atemorizados e desprovidos da capacidade de pensar os outros e a vida humana, culpam os refugiados que se atiram à vida sem medo da morte simplesmente para fugir das atrocidades desumanas que hoje o mundo infelizmente bem conhece.
 
Mas o que mais custa, no meio desta rede de interesses materialistas e comerciais que dão forma à política internacional do mundo em que vivemos, é que Bashar Al-Assad está no poder não por vontade dos Sírios nem em representação deles, mas sim somente porque ao  Vladimir Putin lhe interessa…
 
Ou seja, a resolução do problema da Síria e dos países árabes, nada tem a ver com os árabes que lá nasceram. Depende do controle do petróleo e das riquezas que por lá existem, e do jogo porco e inadmissível que Estados Unidos e Rússia vão jogando.
 
Quando a um deles, para as suas contas de estado, convier que Al-Assad seja deposto, lá vamos nós ocidentais aplaudir mais um patíbulo ou uma guilhotina que dará combustível para alimentar a insaciável fome de sangue que caracteriza os que por lá vão ficar. Numa espécie de jogo de monopólio jogado entre Moscovo e Washington onde Putin e Obama se divertem a decidir quem vive e quem vai morrer.
 
A religião e a vontade dos Sírios nada pesam no que está a acontecer.
 
São eles os principais responsáveis pelos 149 mortos em Paris na passada Sexta-feira. Infelizmente.
 

5 de Outubro de 1143: cumprem-se hoje 872 anos de independência de Portugal

João Aníbal Henriques, 05.10.15

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
No dia 5 de Outubro de 1143, há precisamente 872 anos, o Rei Afonso VII de leão e Castelo reconheceu o antigo Condado Portucalense como reino independente e Dom Afonso Henriques como rei. Neste dia nasceu Portugal.
 
Com a assinatura do Tratado de Zamora, assente nos factos atrás mencionados, o novo monarca Português dá início à designada Dinastia Afonsina e ao processo lento, moroso e complicado de fazer reconhecer Portugal pela Santa Sé.
 
Em 1143, o tratado veio reconhecer o reino e o rei, mas Afonso VII exigiu que para que esse reconhecimento se efectivasse, o rei português aceitasse manter-se como seu vassalo directo. Afonso Henriques, sabendo de antemão que a liberdade de movimentos e de determinação da sua história dependiam do reconhecimento papal, enceta um percurso que se arrastará até 1179 quando o Papa promulga a Bula Manifestus Probatum e definitivamente assume o rei português como seu vassalo directo, libertando-o dos laços que o mantinham na dependência de Castela.
 
Ao longo destes quase novecentos anos de história, Portugal tornou-se num caso extraordinário na Península Ibérica e na Europa, sendo afinal o único dos pequenos reinos que conseguiu sobreviver aos desígnios dos grandes países que se impuseram. Com excepção do período de domínio filipino, entre 1580 e 1640 e, mesmo assim, sob o lema de “dois países e uma só coroa”, dado que os monarcas espanhóis mantiveram a independência formal de Portugal assumindo no nosso país uma designação diferente daquela que utilizavam em Espanha, Portugal foi capaz de responder sempre aos grandes desafios que se lhe colocaram, contornando dificuldades e impondo-se sobre as suas especificidades e características.
 
Em 13 de Junho de 1985, em conjunto com Espanha, Portugal voluntariamente assina o tratado de adesão à então CEE, depois de um processo diplomático longo e muito complicado cujo principal mentor foi Mário Soares. A concretização deste desígnio é, aliás, confirmada em Janeiro de 1986, em cerimónia que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, já com Cavaco Silva enquanto Primeiro-Ministro.
 
 
 
 
 
Mas são muitos os factos e os acontecimentos que causam estranheza neste dia 5 de Outubro. A começar pelo (quase) incrível facto de não ser feriado em Portugal neste dia em que se comemora o nascimento do País e a conquista da independência nacional. 5 de Outubro de 1143 deveria ser estudado, compreendido e devidamente assinalado pois é ele que determina toda a existência política do nosso País até à entrada neste Europa. Depois, mais estranho ainda, é o facto de tanto esforço e dedicação que foram necessários para cumprir este objectivo, tenham sido anulados pelo esforço feito por Mário Soares e Cavaco Silva para desbaratar essa independência numa adesão incondicional e destravada a uma Europa com qual nada tínhamos a ver. E, sobretudo, o facto de esta entrega incondicional da nossa soberania, ter sido alcançada numa posição de subserviente obediência aos organismos Europeus, sem que Portugal tenha sido capaz de oferecer à Europa um contributo que resultasse das suas imensas potencialidades, não valorizando a sua entrada com um contributo que capitalizasse as suas posições e decisões, mas tão só enquanto membro-pedinte que ficou refém dos fundos e das infra-estruturas que a Europa ofereceu.
 

 

No dia 5 de Outubro de 2015, marcado pela ausência do Presidente da República nas muitas cerimónias que procuram reforçar as memórias da revolução que nefastamente e de forma antinatural implantou a república em Portugal (porque está sossegado a pensar), importa recordar os bravos de 1143, que neste dia deram corpo ao mais importante dia da vida Nacional.

O que é uma arruada? por Vasco Pulido Valente

João Aníbal Henriques, 02.10.15

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A dois dois de eleições legislativas, as televisões Portuguesas foram inundadas com um fenómeno de propaganda que é transversal a todos os partidos e que parece estar na moda: a ARRUADA! Mas, segundo Vasco Pulido Valente, não é fácil definir o que é isso da ARRUADA: "À primeira vista, elas parecem tentativas para atrair à força a atenção do povo. O chefe do partido chega, com a sua corte, a sua “segurança” e uma camioneta ou duas de militantes, a uma rua suficientemente frequentada e começa a falar a desconhecidos que estão ali a tratar da sua vida. Aparecem uns maluquinhos que abraçam ardorosamente o chefe do partido, porque gostam de abraçar celebridades e abraçariam Ronaldo com igual ardor. Não se retira nada desta lusitana (?) espécie de exercício: nem uma ideia, nem um voto, nem um tostão. Alguns zelosos patetas pensam que uma “boa arruada” demonstra “força”. Erro deles. Mas quem somos nós para pedir melhor? A farsa da política portuguesa não parava com certeza à porta da campanha".

 

Leia AQUI o texto integral de Vasco Pulido Valente no Jornal Público

Portugal: Uma Pátria sem Povo

João Aníbal Henriques, 11.06.14

 

por João Aníbal Henriques

Num 10 de Junho marcado pelo desmaio do Presidente da República, Cavaco Silva, em se pretendia comemorar o Dia de Portugal e dos Portugueses, assistimos tristemente ao estado de vazio exemplar a que deixaram chegar Portugal.

A cerimónia comemorativa, preparada ao pormenor, foi pensada para a praça principal da cidade da Guarda na qual, em frente à extraordinária fachada da Sé, se conjugavam todas as condições cenográficas para tão importante ocasião.

Mas, estranhamente, destas cerimónias ficou arredado o público – leiam-se os Portugueses – que foram impedidos de aceder àquele espaço. Esta decisão, que nenhuma entidade oficial se dignou explicar, ficou naturalmente a dever-se ao medo da contestação popular. Afinal, no Dia de Portugal e dos Portugueses não é suposto ouvir-se a voz dos próprios…

E, com o desmaio de Cavaco a encher televisões e capas de jornais, fica reduzido ao sorriso cínico do sindicalista perverso perante a adversidade do Chefe de Estado, o estado a que conduziram Portugal.

Sem povo e sem Portugueses, este dia foi somente mais uma oportunidade para o confronto desonroso dos partidos e dos poderes que controlam Portugal, digladiando-se numa luta que coloca os seus interesses à frente dos interesses do País e gerando uma onda de insignificância que se traduz na abstenção eleitoral que todos bem conhecemos e num ódio crescente que ontem todos verificámos.

Dirão que é este o Portugal que temos. Não é verdade.

Este Portugal que encheu a comunicação social, do qual ficaram arredados os Portugueses, é um Portugal artificial, desinteressante, promíscuo, insignificante e reles. É o Portugal do rotativismo eleitoral em que vivemos e que eles teimam em continuar a chamar democracia. Um regime que não respeita os Portugueses, os seus sentimentos e as suas necessidades. Um regime fechado sobre si próprio e a sugar dia após dia, os últimos laivos de uma grandiosidade que a Pátria ainda tem mas que eles estão quase a conseguir matar.

O que ficou deste 10 de Junho?

Nada. Infelizmente para Portugal.