O Hotel Miramar no Monte Estoril: uma questão de vocação
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Caros Cascalenses,
A pedido de vários munícipes moradores na Alapraia, alertei há algum tempo a edilidade para o problema do abandono e avançado estado de ruína em que se encontram as Grutas Pré-Históricas existentes naquela localidade.
Estando classificadas como Imóvel de Interesse Público desde 1945, as Grutas de Alapraia foram descobertas no início do Século XX por Francisco Paula e Oliveira e, mais tarde, estudadas de forma aprofundada por Afonso do Paço e Eugénio Jalhay que ali encontraram um dos mais importantes espólios arqueológicos de Portugal.
As sandálias de calcário de Alapraia, que só encontram paralelo em Almeria (Espanha), são a peça mais impactante de um espólio vastíssimo com vestígios de muitas culturas e civilizações que utilizaram aquele espaço ao longo dos séculos.
Tendo sido intervencionadas por diversas vezes nos últimos anos, sobretudo por iniciativa e empenho do saudoso director do Gabinete de Arqueologia da CMC, Dr. João Pedro Cabral, foram alvo de um arrojado projecto de musealização que integrava as várias grutas conhecidas e o Casal Saloio que, entretanto adquirido pela Autarquia, foi recuperado e transformado num pólo de interpretação museológica de apoio ao complexo.
Mais recentemente, por motivos para os quais nunca nos foi possível encontrar explicação plausível, as grutas foram entulhadas com gravilha e o casal saloio foi simplesmente deixado ao abandono. Os actos de vandalismo perpetrados desde então têm vindo a destruir o sítio por completo, tendo desaparecido portas e janelas e, nos últimos meses, as próprias telhas da cobertura, deixando no ar um tom de ruína que contrasta de forma evidente com a enorme importância desta peça do património cascalense.
Mas a maior preocupação dos moradores já nem é a destruição do património e da memória de Cascais. A utilização indevida do espaço, principalmente durante a noite, tem vindo a despoletar um sentimento de insegurança que se alastra entre a comunidade local, facto que se conjuga com a utilização de todo o complexo como sanitário público, com implicações ao nível da higiene e da saúde pública.
Mas, mais de um mês depois do alerta apresentado em reunião de câmara, nada aconteceu no espaço. O projecto de recuperação continua a aguardar a aprovação de um programa de apoio comunitário, de acordo com informação prestada pelo Presidente da CMC, e não foi feito rigorosamente nada para controlar o acesso ao monumento ou sequer para desde já impedir o uso indevido do mesmo durante a noite.
Perde obviamente a memória de Cascais que vê delapidar uma das mais significativas peças do seu património histórico; perde a comunidade Cascalense que diariamente vê desaparecer as extraordinárias potencialidades pedagógicas e turísticas associadas a um espaço como este; perdem os moradores do local que, para além da insatisfação de verem a degradação que paulatinamente vai envolvendo as suas casas, assistem ao crescimento da insegurança e pressentem a sua incapacidade de sensibilizar as entidades competentes para que lhes resolvam rapidamente um problema simples e premente.
Na última reunião de câmara reforcei publicamente o pedido para que, com carácter de muita urgência, sejam tomadas providências que impeçam a continuação da destruição das Grutas de Alapraia.
Esperemos que a quadra festiva que atravessamos e o dealbar de um novo ano, nos tragam finalmente a concretização deste projecto tão importante para o fomento da Identidade Municipal.
Para todos os Cascalenses os nossos votos de um Feliz Natal e de um próspero 2018.
A Bem de Cascais!
João Aníbal Henriques
Vereador na Câmara Municipal de Cascais
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Há precisamente 27 anos, em Agosto de 1989, a revista “Cidades & Municípios” dedicava um dos seus números àquilo que designava como “as consequências do crescimento de Cascais e de Sintra”.
Abordando o turismo como vocação agregadora da região, basicamente por recuperar quase um século de uma história grandiosa sob a chancela da marca internacional “Estoril”, a revista apontava as grandes infra-estruturas que deveriam concretizar-se num futuro próximo. Da auto-estrada de ligação a Lisboa ao sistema de saneamento, muitos eram os desafios que em 1989 se colocavam a Cascais, nomeadamente na gestão da sua promoção internacional, nas acessibilidades, na consolidação ambiental e na habitação.
No ano em que foi publicada esta reportagem, Cascais vivia o início do período conturbado que mais tarde haveria de ser chamado “a betonização do concelho”. As mudanças que acabariam por chegar a partir da década de 90, como a já referida A5, o emissário submarino, a marina, o centro de congressos, a escola de turismo, etc., foram o mote para um complexo processo que desvirtuou definitivamente o devir quotidiano de Cascais e que gerou uma série de desequilíbrios dos quais o concelho ainda não conseguiu recuperar.
Os anos que se seguiram foram caóticos para a memória comunitária municipal. A destruição do património e a construção desenfreada, geraram novas realidades que os poderes locais demoraram demasiado tempo a entender e a começar a tratar.
27 anos depois, vale a pena reler esta reportagem, até porque muitos dos desafios ali elencados são ainda pertinentes na actualidade. Conhecer e perceber a história recente é um passo de gigante para evitar que voltem a cometer-se os erros do passado.
Leia AQUI a Reportagem “O Crescimento e o Turismo” da Revista Cidades & Municípios
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Momento histórico em Cascais em que o Movimento SerCascais, liderado por Isabel Magalhães, formaliza a primeira candidatura independente de sempre às Eleições Autárquicas Cascalenses. Mais de 6000 assinaturas marcaram um dia que fica para a História e que prova que... vale a pena SERCASCAIS!
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