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cascalenses

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A Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Viseu

João Aníbal Henriques, 13.09.16

 

 
por João Aníbal Henriques
 
As memórias antigas de Viseu estão ainda hoje profundamente ligadas ao legado deixado pelo Infante Dom Henrique. O navegador visionário, Mestre da Ordem de Cristo, testemunha o carácter ancestral da ligação de Viseu ao Mundo, numa atitude cosmopolita que contrasta de for evidente com a práxis quotidiana da cidade ao longo dos últimos séculos.
 
O ilustre infante, senhor do Ducado de Viseu, geria os seus domínios a partir do paço que possuía junto à Porta do Soar, do qual terá feito parte, e perto do sítio onde actualmente se encontra a singela Capela de Nossa Senhora dos Remédios.


 
Certamente por mera casualidade, pois o templo foi construído somente em 1742, a capela apresenta uma curiosa planta octogonal, em linha com o que terá sido a planta principal dos templos erguidos pela ordem que o Infante dirigia, complementada com um altar de talha polícroma composta a partir de um conjunto de índole tardo-barroca.
 
A capela, que terá vindo substituir uma anterior dedicada a São Sebastião e datada do Século XVI, ocupa posição estratégica no seio do eixo de protecção da cidade. A porta do Soar, também conhecida como Arco dos Melos, em homenagem à família cujo solar se encontrava a ela adossado (actual Hotel Palácio dos Melos), era uma das principais portas de entrada na cidade e São Sebastião, a quem o templo tinha sido dedicado, tinha como função principal proteger o espaço mais importante de Viseu da peste e de outras enfermidades, dado ser ele o padroeiro protector contra esse tipo de males. Por isso, mais do que por qualquer motivação de âmbito sagrado, ocupará a actual capela a posição em que se encontra no Largo do Pinto Gata, que era a antiga Praça da Erva.


 
Construída à custa das esmolas dos devotos, terá a iniciativa da sua edificação partido de um grupo de moradores da Praça da Erva, com a motivação de prestarem homenagem à sua padroeira. Em 1739, o então Cónego Bernardo Pereira de Melo, em resposta à pretensão dos moradores, assina uma escritura de doação de um conjunto de pequenas casas com o intuito de aí se edificar o novo templo. As obras foram conduzidas pelos pedreiros minhotos Manuel Lourenço e Manuel Ribeiro, tendo sido necessário ao Cabido da Sé a oferta de vários apoios dado a escassez das esmolas que os moradores conseguiram pedir.
 
O espólio, simples tal como a formulação do próprio templo, veio da Capela de São Lázaro, que tinha sido demolida em 1816, por iniciativa da Confraria de Nossa Senhora dos Remédio, que tinha sido institucionalizada no ano de 1747. Depois de passar para as mãos da família Melo, que dela se apossou em meados do Século XIX, a capela volta ao uso público já no Século XX depois de ter sido arrematada em leilão pela edilidade de então. 
 
Guardiã da memória histórica da Cidade de Viseu, ali colocada como sentinela firme que testemunha a entrada e saída por aquela que é uma das mais importantes portas do burgo, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios esconde aos olhos menos atentos as memórias velhas do Infante Dom Henrique de Portugal que, na sua planta octogonal, esconde os desígnios mais profundos da Portugalidade  e o ensejo de trazer novos mundos ao Mundo.
 
Enfim… a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, em Viseu, é testemunho vivo da própria Portugalidade.  

Casa do Lago na Quinta da Machada de Henrique Felgar (Cava do Viriato / Viseu)

João Aníbal Henriques, 13.02.15

 

 
 
Fazia parte da estrutura inicial da Quinta da Machada e foi adquirida no início do Século XX por Henrique Simões Felgar (1893-1986). Casa oitocentista, representativa do esquema tradicional beirão, com planta rectangular de dois pisos, sendo o térreo para arrumos e recolha de animais e o superior a habitação propriamente dita. Telhado de quatro águas. Escadaria granítica central de acesso ao piso superior, formando alpendre com colunas de fuste liso e arcaria em ferro forjada, típica da arquitectura do ferro. Piso inferior de cantaria e o superior de fasquiado rebocado. Manutenção de algumas janelas de guilhotina. Apesar de fazer parte da Base de Dados do Património Nacional (Ver AQUI), foi proposta a sua demolição no âmbito do Plano de Pormenor da Cava do Viriato, a autoria do Arquitecto Gonçalo Byrne, no âmbito do Projecto Viseu Polis.