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Edifício Cruzeiro Renasce no Monte Estoril por Iniciativa da Câmara Municipal de Cascais

João Aníbal Henriques, 30.01.23
 

por João Aníbal Henriques

O Edifício Cruzeiro, no Monte Estoril, foi construído em 1947 com projecto da autoria de Manuel António da Cruz e de João da Cruz. O cruzamento de duas linhas de água no local onde foi implantado, bem com o facto de marcar o preciso local onde o Monte Estoril se cruza com o Estoril, ditou o seu mítico nome, numa apoteose de memória que se prolongou até à actualidade.

Com uma História problemática e polémica, até porque Fausto Figueiredo, o mítico fundador do moderno Estoril foi assumidamente contra tal construção, foi-se envolvendo em episódios sucessivos de um grande insucesso comercial que paulatinamente o foram transformando num imenso espaço de degradação e ruína num dos pontos nevrálgicos da localidade.

Ao longo dos anos, no entanto, o seu impactante posicionamento na paisagem e as múltiplas histórias que envolveram sucessivas gerações de estorilenses, acabaram por consagrá-lo como parte activa e inabalável da Identidade do Monte Estoril e de Cascais.

Setenta e cinco anos depois do início da sua construção, por iniciativa da Câmara Municipal de Cascais, foi completamente remodelado interiormente e no passado Sábado, dia 28 de Janeiro, foi reinaugurado como “Academia de Artes de Cascais”.

Altivo e pujante, assoberbado na dignidade pétrea que lhe dá forma, o novo Edifício Cruzeiro vai ser pólo de promoção cultural, recriando os laços de memória com o seu passado e projectando-se no futuro como farol que ilumina a cultura de Cascais.

Bem-haja a Câmara Municipal de Cascais por esta extraordinária iniciativa!

 

(Fotografias da Câmara Municipal de Cascais)
 
 




Os Tristes 125 Anos da Linha de Cascais

João Aníbal Henriques, 30.09.14

 

 

 

No dia 30 de Setembro de 1889 aconteceu a viagem inaugural do comboio na Linha de Cascais. Cumprem-se hoje 125 desde essa data, marcando uma era de crescimento, riqueza e prosperidade que deu forma à ‘Linha do Estoril’ e ao Cascais que hoje conhecemos.

 

Sem a inauguração da linha férrea e a sua posterior electrificação, já sob a genial capacidade de visão de Fausto de Figueiredo, Cascais não seria certamente o que é hoje. O comboio e a linha deram forma a uma nova maneira de se viver, de se ser e de se estar que transformou por completo a paisagem e as gentes que à sua volta se instalaram.

 

Num dia simbolicamente tão importante quanto é este 125º aniversário, a CP poderia ter festejado oferecendo rebuçados aos passageiros, optado por viagens livres entre Lisboa e Cascais, publicado livros para distribuir pelas escolas e pelas crianças da linha, ou mil e uma outras coisas que reaproximariam os Cascalenses do comboio e aprofundariam a identidade local.

 

Mas não. Em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, a CP decidiu comemorar estes 125 anos suprimindo uma série de comboios sem aviso prévio, por alterar horários sem qualquer espécie de critério, amontoando milhares de pessoas pelas estações, sem dar qualquer espécie de informação acerca do previsível retomar dos horários de sempre, e assistindo impavidamente ao desespero de que precisa de chegar ao trabalho, tendo para isso pago os seus passes e bilhetes, sem saber quando isso vai acontecer.

 

E fê-lo, sem que se tenha ouvido sequer um pedido de desculpa aos utentes, porque a opção para comemorar este aniversário foi trazer para Cascais um comboio histórico no qual decorre uma reservada festa com os convidados ilustres de sempre. Parado na estação de Cascais, rodeado de seguranças que impedem que os curiosos de aproximem do comboio antigo antes da chegada de suas excelências, condicionou todo o fluxo de trânsito na linha.

 

Vai ser certamente uma festança memorável com políticos e revistas cor-de-rosa que todos poderemos ver mais tarde no Facebook e nas selfies da moda que eles usarão para se promover.

 

Mas por Cascais e pelos Cascalenses alguém se interessa?

 

 

 

 

A Igreja Paroquial de Santo António do Estoril

João Aníbal Henriques, 11.06.14
 

 

 
por João Aníbal Henriques
Inserida num ambiente cosmopolita, onde a lógica turística impera, a Igreja de Santo António do Estoril, apresenta uma história repleta de vicissitudes que a tornam num local de excepcional interesse para o eventual visitante.
As primeiras menções a este lugar, reportam a 1527, quando se noticia a existência de uma pequena ermida de madeira dedicada a São Roque com um altar a Santo António colocado junto à entrada, construído por Leonor Fernandes, moradora no Casal do Estoril.
Segundo Ferreira de Andrade, o terreno onde se erguia esta ermida, pertencia no século XVI a Luís da Maia, que o terá doado à Ordem de São Francisco. Com pedras retiradas do antigo Convento de Enxobregas, os frades recém-instalados iniciaram de imediato a construção de um novo templo, ao qual foi anexado um pequeno eremitério e uma oficina artística.
Em termos físicos, a igreja era composta por uma única nave, com três altares: no altar-mor estava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Nova; nos dois restantes encontravam-se imagens de São Domingos e de São Francisco. Segundo a 'Crónica Seráfica da Santa Província dos Algarves', na qual se descrevem os edifícios da ordem de São Francisco, existiria ainda uma imagem de Santo António ao lado da epístola, no altar-mor. Uma imagem do santo taumaturgo existiria ainda, com cerca de três pés de altura, onde hoje se ergue o cruzeiro, junto ao adro da actual igreja. Os azulejos primitivos, datados de 1719 e 1751, denotam uma elevada qualidade de produção artística.
Quase completamente destruída pelo terramoto de 1755, a Igreja conheceu no século XVIII grandes transformações. Iniciadas em 1756, por iniciativa do guardião do templo, Frei Basílio de São Boaventura, as obras de recuperação foram feitas a um ritmo extraordinariamente rápido, havendo notícia de em 1758, pouco mais de dois anos após o seu início, se terem já concluído os trabalhos de reconstrução do altar, com a sua actual talha dourada. O mesmo frade, zeloso cumpridor dos seus deveres, alargou ainda o coro para o adro, em cerca de doze palmos dotando-o de três janelas rasgadas na fachada integralmente efectuada em pedraria, tal como hoje ainda encontramos, e encimada por uma imagem de Santo António colocada num pequeno nicho.
Em 1834, quando foram extintas as ordens religiosas, o convento foi vendido em hasta pública a Manuel Joaquim Jorge, que nos terrenos anexos edificou um prédio de rendimento que alugava durante a época estival aos utilizadores das águas termais do Estoril. Em 10 de Maio de 1916 a igreja foi entregue à Irmandade.
A história desta igreja, no entanto, não termina aqui, uma vez que no ano de 1927 um incêndio destruiu o remodelado templo seiscentista. A luta travada pelos bombeiros das várias corporações presentes contra o fogo, permitiu a recuperação de grande parte do mobiliário, o crucifixo do altar, castiçais de prata e vários objectos de culto.
O projecto de Tertuliano Marques permitiu salvar alguns dos antigos azulejos e manter a traça original do edifício, tendo-lhe sido acrescentados os frescos do tecto actual, da autoria de Carlos Bonvalot, bem como o conjunto azulejar, concretizado pelo Mestre Victória Pereira.

 

Em 1929, na cerimónia de início do funcionamento da nova Paróquia do Estoril, já sob a orientação de Monsenhor Moita, encontramos o templo com o seu aspecto actual, espécie de bastião da memória de um Estoril de outros tempos.

Fausto Figueiredo e o Sonho do Estoril

João Aníbal Henriques, 16.05.14

A ALA - Academia de Letras e Artes marcou presença na cerimónia comemorativa do centenário da fundação do Estoril com a conferência "Fausto Figueiredo e o Sonho do Estoril" proferida por João Aníbal Henriques.

Esta homenagem àquele que foi o mentor do primeiro e principal destino turístico de Portugal, concretizou-se no âmbito do aniversário da ESHTE e foi coordenada pela Professora Cristina Carvalho e pelo Doutor João Miguel Henriques (CMC), tendo contado ainda com a participação de Cândida Cadavez, Cristina Pacheco, Susana Gonçalves e Manuel Ai Quintas. 

Numa época marcada pela incerteza e pela absurda decisão tomada pelo poder partidário de extinguir a marca turística ‘Estoril’ assume especial importância este evento que, de uma forma transversal e com abordagens diferenciadas, apresenta a prova cabal da excelência que caracterizou o projecto de Fausto Cardoso e Figueiredo no Estoril.