Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cascalenses

cascalenses

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Viseu

João Aníbal Henriques, 27.07.16

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, situada na zona da Ribeira de Viseu, é um dos mais interessantes monumentos da Capital da Beira Alta.
 
O carácter singelo da sua fachada, ostentando a traça típica do Século XVIII e o carácter chão que enquadra a generalidade dos imóveis que se situam junto às margens do Rio Pavia, em Viseu, foi profundamente alterado com a construção, já em pleno Século XX, do seu adro de grandes dimensões e das escadarias monumentais que lhe dão acesso.
 
 
 
 
O carácter sagrado do local onde se situa está bem patente na sistemática reutilização sempre cultual que o mesmo tem. No Século XVI, ali se situava uma antiga capela dedica a São Luís, Rei de França, cuja imagem continua num dos altares laterais da nova igreja. Nos materiais utilizados para a sua construção, encontram-se ainda muitos vestígios reutilizados de outros templos existentes neste local e de antigas capelas entretanto demolidas nas vizinhanças. É o caso das cantarias da antiga Capela de São Jorge da Cava, simbólicas pela conotação eminentemente simbólica da sua evocação, bem como de diversas peças escultóricas ali colocadas e que denotam a importância deste edifício na definição das dinâmicas de culto da Cidade de Viseu.
 
São ainda de salientar, pelo enquadramento cénico que proporcionam, a imensa escadaria colocada junto à fachada e que dá acesso ao adro, numa obra monumental que data do início do Século XX, e o interessante gradeamento que a envolve e que foi oferecido por um devoto Portuense de Nossa Senhora da Conceição. Em 1907 foi colocado no nicho desta escadaria uma imagem antiga do Senhor da Boa Fortuna, cuja proveniência se perdeu.
 
 
 
 
A sua situação geográfica, entre a margem do Rio Paiva e o início de um dos oito troços da Cava do Viriato, faz desta igreja um dos pontos fulcrais numa visita a Viseu, ajudando a perceber a sua permanente ligação à vivência rural das beiras e à singeleza mística de um povo que, apesar de materialmente pobre, foi sempre riquíssimo em termos culturais.