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Apresentado Livro sobre a História de Alcabideche

João Aníbal Henriques, 30.01.23

Apresentação do livro AL-QABDAQ - Memorial Histórico de Alcabideche, da autoria de João Aníbal Henriques e com prefácio de Carlos Carreiras na Igreja de São Vicente de Alcabideche. Apresentação por Pedro Mota Soares e José Filipe Ribeiro numa iniciativa da Junta de Freguesia de Alcabideche.

(Imagens da Câmara Municipal de Cascais)

Apresentação do livro AL-QABDAQ Memorial Histórico de Alcabideche

João Aníbal Henriques, 30.01.23

 

Numa iniciativa da Junta de Freguesia de Alcabideche, foi apresentado publicamente o livro “AL-QABDAQ – Memorial Histórico de Alcabideche” da autoria de João Aníbal Henriques e com prefácio de Carlos Carreiras. No espaço sagrado da Igreja Paroquial de São Vicente, a apresentação da obra foi feita por Pedro Mota Soares, Presidente da Assembleia Municipal de Cascais. Recuperando os principais quadros da memória histórica da Freguesia de Alcabideche, o livro funciona como um guia turístico que pretende desvendar mitos e segredos daquela importante localidade do Concelho de Cascais. Como disse Miguel Esteves Cardoso, Alcabideche é a freguesia secreta de Cascais e com este livro ficam criadas as condições para desmontar o mito de suburbanidade que a atinge e para que todos os interessados possam literalmente mergulhar naquele que é, porventura, o espaço com mais potencial activo no município Cascalense. Uma palavra especial de gratidão ao Presidente da Junta de Freguesia de Alcabideche, José Filipe Ribeiro, e a todo o executivo daquela autarquia pelo apoio e pelo entusiasmo que colocaram nesta apresentação. Fotografias da autoria de Guilherme Cardoso e Luís Bento.

 

 

 

 

 

 

 

O Forte das Velas na Praia do Abano em Cascais

João Aníbal Henriques, 17.12.18

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
Só existe um adjectivo com a abrangência suficiente para descrever de forma capaz o popularmente designado Forte do Abano, situado a Norte da Praia do Guincho, em pleno Parque Natural Sintra-Cascais: incrível!
 
Sendo um momento singelo de raiz militar, semelhante tipologicamente a tantos outros existentes ao longo da nossa linha de costa e construído especificamente para garantir a segurança do território Nacional perante eventuais investidas marítimas dos nossos muitos inimigos, é único na sua relação com o espaço e com o enquadramento cénico que lhe dá forma.
 
 

 

 
 
A sua localização, num promontório rochoso entre as Praias do Guincho e do Abano, plena e permanentemente fustigado pela fúria das ondas do mar e pelo vento que chega agreste e forte vindo da Serra de Sintra, confere-lhe um impacto sem par na paisagem. À sua volta, no contraste permanente entre o azul do mar, o branco das nuvens e o verde forte das encostas que dali seguem até à Peninha, a vista alonga-se através de um dos mais inesquecíveis cenários do Concelho de Cascais, potenciando a sua presença e reforçando a sua importância estratégica na definição da vocação turística municipal.
 
Incrível também porque, até contextualizando o monumento na sua mera função figurativa enquanto esteio promocional do turismo desta região, o estado deplorável de abandono, vandalismo latente e degradação acentuada, representa um autêntico atentado ao património de Cascais, dos Cascalenses e mesmo de Portugal.
 
 
 
É totalmente inconcebível que num país como Portugal e num Concelho como o de Cascais, nos quais a projecção da importância do sector turístico é tão grande, seja possível deixar que desleixadamente este tipo de equipamentos se vá perdendo por incúria, desleixo e desinteresse das entidades públicas,  perdendo não só todo o valor cultural que a ele está inerente, como também todo o enorme conjunto de potencialidades económicas, empresariais, culturais, patrimoniais, educativas e outras que o mesmo apresenta. É inconcebível e intolerável que o Estado Português, responsável tutelar pela salvaguarda dos valores que os Portugueses lhe deram à guarda, permita que este tipo de peças patrimoniais chegue a este estado de abandono, não efectuando sequer o mínimo esforço para garantir que os mesmos estão fechados e inacessíveis aos vândalos que os vão degradando.
 
 
 
E infelizmente, este não é caso único, nem singular em Cascais e em Portugal! Intolerável e incrível!
O Forte das Velas, sendo peça integrante no esforço efectuado depois da Restauração da Independência Nacional em 1640, faz parte de um complexo de vários fortes que cruzavam fogo sobre as principais enseadas marítimas de Cascais, recriando uma cortina que visava impedir desembarques indesejados nas principais praias do concelho.
 
 

 

 

 
 
Com a volumetria tradicional da sua época, o também designado Forte do Abano foi construído em 1642 por ordem de D. António Luís de Castro, Conde de Cantanhede e Governador da Praça de Cascais, e inicialmente guarnecido por sete peças de artilharia pesada.
 
Classificado como Imóvel de Interesse Público através do Decreto 129/77, de Setembro de 1977, foi alvo de várias obras de requalificação e adaptação ao longo dos anos, que lhe conferiram o aspecto que hoje apresenta.
 
Na componente de alojamento, teria inicialmente três corpos cobertos virados a Este, protegidos da força do mar pelo terraço onde se instalava o grosso da artilharia, e terá sido reformado em meados do Século XIX, quando o desenvolvimento de novas técnicas militares possibilitou a libertação de algum do espaço de aquartelamento, perdendo o corpo central que foi substituído por um pequeno terraço a céu aberto e pela nova cisterna de captação de água corrente.
 
 
 
 
Da estrutura inicial são ainda de salientar as duas chaminés de aquecimento dos corpos de alojamento situados junto à entrada, vandalizadas possivelmente de forma irrecuperável em época recente, bem como a estrutura de transporte e captação das águas para o seu espaço de armazenamento.
 
Com o enquadramento cénico único propiciado pelo espaço onde se encontra, o Forte das Velas é uma das peças patrimoniais que mais interesse desperta junto dos muitos milhares de veraneantes e passeantes que frequentam a Praia do Guincho, que quase sempre sobem o espaço da encosta para o observar mais de perto.
 
 
 
 
Sobre a porta da entrada, praticamente ilegível debaixo do Escudo de Armas Português, a placa comemorativa da sua inauguração desperta o gracejo dos que o visitam. Em acentuada degradação e em estado de ruína eminente, é simultaneamente um tesouro precioso e um perigo imenso, com a acessibilidade privilegiada que tem cruzada com a falta de controle de quem por ali transita.
 
Resta pouco tempo de vida ao Forte das Velas. Até porque para além do vandalismo a que está sujeito quotidianamente, os próprios elementos se encarregam de o ir destruindo.
 
Com o seu desaparecimento e paulatina degradação perde Cascais, perdem os Cascalenses e todos os Portugueses. Incrível que seja assim!
 
 

Ainda a Ribeira das Vinhas...

João Aníbal Henriques, 27.02.14



Situado a dois passos do centro de Cascais, com início nas traseiras do mercado, o Vale da Ribeira das Vinhas é um dos espaços com mais potencial de Cascais. Envolvida pelo bucolismo das antigas quintas (muitas delas, infelizmente, abandonadas) a ribeira deixa antever aquilo que foi a ruralidade Cascalense, oferecendo um dos mais bonitos e inesquecíveis retratos de um Cascais de outros tempos. Facilmente pedonizável, recriando um percurso muito acessível e totalmente verde entre o centro da Vila e a Serra de Sintra, é uma pena o estado de completo abandono e de incúria latente em que este espaço se encontra, contrastando de forma abissal com as suas potencialidades naturais e a mais valia turística em que facilmente se poderia transformar. Provavelmente por falta de vontade, os responsáveis autárquicos de Cascais escudam-se no facto de muitos daqueles terrenos serem propriedade particular para explicar a falta de recuperação deste espaço. Mas não é verdadeira esta desculpa. Ao longo da ribeira, acompanhando todo o seu percurso, existe um caminho de pé-posto que é público e que seria facilmente reconvertido num dos mais impactantes percursos pedestres de Cascais. Assim haja vontade!