Trovas de um vento que não passa...
João Aníbal Henriques, 31.03.14
por João Aníbal Henriques
Agora que Portugal se prepara
para comemorar os 40 anos do 25 de Abril, importa tomar especial atenção à
forma como a liberdade ditou o presente e está a condicionar o futuro do nosso
País…
No sector da educação, por
exemplo, são precisamente aqueles que dizem que defendem a liberdade quem
impede que todos os Portugueses tenham acesso às mesmas oportunidades e à
possibilidade de construírem de forma consciente o futuro dos seus filhos.
A liberdade que eles dizem
defender, de expressar opiniões, de reunião, de crítica, em suma, de se fazer o
que se quiser, ainda não chegou à educação. Os detentores da dita liberdade,
ironicamente utilizando os mesmos argumentos que há mais de 40 já eram usados
para negar aos Portugueses a possibilidade de escolherem o futuro dos seus
filhos, não permitem a livre escolha da escola.
Ao procederam assim,
pretensamente em defesa desta maltratada liberdade, criam dois tipos de
Portugueses: os que têm os meios que lhes permitem escolher a escola onde
querem inscrever os seus filhos, porque a podem pagar; e aqueles que, por não
poderem pagar, estão literalmente condenados a ver os seus filhos inscritos na
escola que o Estado lhes escolheu. Mesmo que seja a menos adequada, aquela que
nada lhes diz e que não os representa. Mesmo que ali mesmo ao lado exista outra
escola onde eles poderiam ser felizes, encontrar o projecto que se aproxima das
suas expectativas de vida e que faz mais sentido perante as aspirações que têm.
Os primeiros, podem progredir nos
seus estudos, plenos de significado e perfeitamente adaptados às
características das crianças. Têm a liberdade de ser bons ou maus alunos; de
estudar mais ou menos; de preparar a sua vida académica e de planear o futuro
que querem ter. Os outros, os que por motivos diversos não podem pagar, estão
impedidos de o fazer.
Num tempo em que as trovas ecoam
sublimes pelas paredes ocas que alguns tentam associar à liberdade, em loas
avermelhadas a que já nos habituámos, é inadmissível que preconceitos e
interesses terceiros impeçam os portugueses de poderem escolher livremente a
escola e o futuro dos seus filhos.
Porque estão a impedir o País –
que desde 1974 já foi resgatado 3 vezes – a mais 40 anos de falta de capacidade
para gerir o seu destino e para recuperar a pujança, o dinamismo e o empreendedorismo
de outros tempos.
Porque sem liberdade não existe democracia verdadeira e Portugal merece ser livre.
Finalmente.