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cascalenses

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Avis e Cascais

João Aníbal Henriques, 31.07.20
Em 1385 a independência de Portugal foi salva por um homem. Chamava-se João das Regras. Criou uma nova dinastia - de Avis - e o Mundo novo em que agora vivemos. Foi devido a ele que a Europa se ligou à Ásia, à África, à América e à Oceania. Como prémio de vida o Rei Dom João I ofereceu-lhe o presente mais extraordinário do Portugal de então: o Senhorio de Cascais!

 
 


O Castelo de Portel Mafomede no Alentejo

João Aníbal Henriques, 06.01.17

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
Assumindo a sua posição altaneira relativamente à bonita vila de Portel, no Alentejo, o Castelo de Portel é um dos mais extraordinários vestígios da origem cultural de Portugal e da ligação profunda e arreigada às tradições ancestrais que deram forma aos mais importantes arquétipos da humanidade.
 
Não se conhecendo de forma documental a sua verdadeira origem, é crível que antes do início da construção da actual edificação, ali existisse já uma fortificação anterior, provavelmente de origem muçulmana, que daria corpo ao sustento da população que vivia naquele espaço. Na documentação coeva da sua construção, a Casa Real Portuguesa denomina a vila como ‘Portel Mafomede’, numa prática toponímica que aponta para uma pré-existência islâmica cuja origem não será diferente daquela que noutras zonas do actual território nacional terá conduzido à aculturação que forma a Identidade Nacional.
 
A atribuição toponímica de Portel a Mafomede, curiosa se pensarmos que a diabolização da expressão resulta do processo de extinção da Ordem dos Cavaleiros Templários, assume foros de grande importância quando nos debruçamos sobe a origem do castelo. Em primeiro lugar porque, como se sabe actualmente, a figura da Mafomede ou Bafomet, representa basicamente as três formas de expressão primordiais da matéria. No Convento de Cristo, em Tomar, a figura de Hermes Trismegisto é representada numa das pedras angulares da edificação representada como Bafomet com as suas três faces reinantes. Depois, porque a divinização trina que Bafomet compõe, juntando num mesmo plano as diversas faces que apresenta Deus na sua expressão simbólica de eixo estrutural da humanidade, uma reposição dos antigos cultos pagãos de origem Grega que, compondo o seu corpo de saber sobre os rituais ancestrais que acompanharão a evolução humana na bacia do Mediterrâneo, nos levam até à figura do Deus Pã, complexão estática do sopro deífico que dá forma lendária à origem de muitas das mais importantes povoações de Portugal.
 
 
 
 
No Grego antigo, por exemplo, a expressão Baph Metis, significa literalmente o “baptismo da sabedoria”, sabendo-se ainda que a mesma expressão em hebraico, utilizando a codificação cabalística, significa Sophia, ou sabedoria…
 
Em qualquer dos casos, o Portel que hoje temos, foi outrora o Portel Mafomede, num fluxo generalizado de saber oculto, que determinou o processo de reconquista Cristã em que se insere a construção do castelo actual e, mais importante ainda, a definição dos equilíbrios político-administrativos no recém-criado Reino de Portugal.
 
 
 
 
De facto, quando em 1257 o Rei Dom Afonso III entregou a João de Aboim as terras de Portel Mafomede, determinando o início da construção do castelo e retirando-as ao Termo de Évora, o que está em causa é a preservação do controle político deste importante território. Para além de impor uma dinâmica concertada no que concerne ao processo de reconquista, a doação e posterior construção da estrutura amuralhada reforçam ainda o poder político pessoal do novo rei, depois da conturbação política que ditou o afastamento do seu irmão, o anterior Rei Dom Sancho II. Portel surge assim como axioma de referência, na definição daquela que virá a ser a intervenção política da Casa Reinante, e que durará até ao fim da Primeira Dinastia, em 1385.
 
João Peres de Aboim, de origens minhotas e filho do senescal do Rei Dom Sancho II, é apresentado na documentação ceva como “um fidalgo violento e insaciável que saqueava sem mercê os bens dos municípios e dos seus moradores”. A sua proximidade ao infante Dom Afonso, com o qual ruma a França onde preparam a revolução que ditará a subida ao trono deste, acabará por granjear-lhe um poder sem igual, que manterá mesmo depois da morte do rei e durante todo o período em que durou o reinado de Dom Dinis.
 
As obras do castelo de Portel, prolongaram-se também ao longo das décadas seguintes, acompanhando a mudança radical introduzida em Portugal pelo Rei Trovador, sempre acompanhado de perto por João de Aboim que preserva as honras inerentes a facto de ter sido Mordomo-Mor do Reino.
 
 
 
 
O rei Dom Dinis, o alquimista assumido que planta as naus que desde Leiria darão novos mundos ao Mundo, é assim o verdadeiro Hermes Trismegisto de Portel, consagrando nas suas três faces de político, poeta e mágico a apetência para transformar aquele espaço na referência primária da consolidação do cristianismo herético da Ordem de Cristo, na pedra angular da Identidade Nacional. Não é por acaso que, quando Mafomede é utilizado como argumento no julgamento que ditará a extinção dos Templários, dizendo-se que representa um culto satânico de cujo poder depende o sucesso militar e religioso da ordem liderada por Jacques de Molay, em Portugal é o Rei Dom Dinis que contorna as directivas papais criando a nova Ordem de Cristo para a qual transitam os bens templários existentes em Portugal e, possivelmente, os próprios directores espirituais da antiga ordem.
 
De qualquer maneira, depois da morte do Rei Dom Dinis e do construtor do castelo, a contenda jurídica que envolve os seus herdeiros acaba por decidir a recuperação da propriedade por parte do Estado e, em 1384, a sua entrega ao Condestável de Portugal, Dom Nuno Álvares Pereira, que junta as terras de Mafomede ao património do que há-de vir a ser a Casa de Bragança.
 
O Santo Condestável, nessa altura já transformado em Frei Nuno de Santa Maria, obreiro da magnitude enorme da Ínclita Geração e concretizador do projecto alquímico plantado pelo Rei Dom Dinis, trabalha sob o signo da flor-de-lis, sob a tutela de Dom João I, o Mestre de Avis, transformando Portel num verdadeiro caldeirão alquímico no qual tudo pode acontecer. A mítica transmutação da matéria, epíteto maior que resulta da posse do segredo da pedra filosofal, conduz no recato de Portel à transmutação das almas. Mafomede, com as suas três faces, nada mais é do que o simbólico arquétipo da Santíssima Trindade, consolidando pelo verbo do Pai e o pão que se transforma em carne, do seu Filho, a força maior transformadora que concebe o Espírito-Santo. E este, por seu turno, subvertendo a realidade e condecorando como Rei o mais humilde dos seus servos. Como se vida e morte fosse uma realidade só!
 
 
 
 
Depois de perdida a sua utilidade militar, o Castelo de Portel foi entrando num paulatino processo de ruína que culminou, já no início do Século XX, com as primeiras campanhas de reconstrução que o dotaram do aspecto actual.
 
Durante a vigência do Estado Novo, num processo conduzido pela então Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, foi recuperada a sua vocação romântica, introduzindo-lhe uma cortina de ameias que, em conjunto com a adaptação da sua Torre de Menagem, lhe alteraram a estrutura e o adaptaram à vocação turística que então se assumiu para Portugal.
O Castelo de Portel, pleno de potencial turístico e cultural, está hoje aquém daquilo que poderia ser na definição da memória colectiva do Alentejo e de Portugal. A sua importância efectiva e o simbolismo que agrega, fazem dele uma peça essencial para se perceber quais são os desígnios nacionais e a forma como nestas paragens se encontram os resquícios mais profundos da nossa Identidade Nacional. 
 
Pode ser que um dia alguém se dedique novamente a este recanto tão especial de Portugal.

 

A Rainha Dona Filipa de Lencastre e o Palácio de Sintra

João Aníbal Henriques, 14.12.16

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
Casada com o Rei Dom João I, lendário Mestre de Avis e fundador da segunda dinastia Real Portuguesa, a Rainha Don Filipa de Lencastre, de ascendência inglesa e chegada a Portugal em 1387, foi uma das mais importantes e marcantes figuras da História deste país.
 
A fama de santidade que a rodeia, ligad à reconhecida castidade que se associava a uma cultura fora do normal, ficou aquém do maior dos feitos que em território Nacional deixou como legado. Os seus filhos, que Pessoa eternizou como a “Ínclita Geração”, foram a sua obra maior, num País onde as marcas da Idade Média eram ainda nessa época muito importantes e no qual a educação e o requinte eram matéria sobejamente desconhecida das elites reinantes.
 
 
 
 
Os conhecimentos de línguas estrangeiras que possuía, bem como a capacidade de compreender um Mundo que bem conhecia, dotaram-na do espírito necessário para empreender a autêntica revolução modernizadora que deu forma ao novo Portugal. Descendente da Casa Real dos Plantagenetas, de quem as más-línguas da sua época diziam que herdara uma dureza na sua relação com os outros, Filipa trazia consigo os traços fisionómicos da sua família, marcando pela diferença a sua presença no país que a acolheu. Loira e de olhos azuis, com a pele clara que a falta de Sol característica da Britânia sempre confere, deixou essas características na face dos seus filhos e netos, os quais foram sempre marcadamente o resultado do seu enorme carisma e da sua musculada forma de viver.
 
Em Sintra, onde viveu muito tempo e onde literalmente se apaixonou por Portugal, encontra-se hoje o maior dos monumentos que atestam a sua memória. O Palácio Real da Vila, com as suas icónicas chaminés altivas, numa sobranceria que se impõe na paisagem e até na definição daquilo que há-de ser a identidade onírica da vila, foi quase todo obra sua, uma vez que foram de sua autoria as enormes obras de remodelação que ali se empreenderam durante o Reinado de Dom João I.
 
 
 
 
Simbolicamente associada à Rosa Encarnada, simultaneamente representando as suas origens plantagenetas e o seu cunho de rainha alquimista que transforma um País em linha com as suas principais crenças e convicções, Dona Filipa de Lencastre foi sempre, durante todo o seu casamento, a pedra angular que definiu a conduta do seu marido e, depois da sua morte, a dos seus filhos durante o processo magistral dos descobrimentos. A rosa, verdadeiramente flor que significa a pureza virginal e o esplendor máximo da Obra Divina na Terra e também a verdadeira cruz, carrega consigo a chave que permite compreender a sua mítica capacidade para recriar pontes entre a vivência tradicional Portuguesa e a distante e diferente Inglaterra. A sua cruz, distinta da Cruz Romana que o Catolicismo tradicional Português até aí consagrava como expoente máximo dos seus laivos de Fé, ganha vida e movimento ao ser plasmada na rosa que a rainha transporta a peito. Torna-se vida, fomentando a dinâmica do movimento, trazendo assim uma mensagem diferente ao povo Português, cujo cerne mais profundo, justamente encoberto pelo segredo do conhecimento verdadeiro, foi conhecido e compreendido por Fernando Pessoa que o integrou na sua mais grandiosa obra sobre os feitos do génio Português.
 
 
 
 
Na hora da morte, que aconteceu em Odivelas em plena campanha de conquista de Ceuta pelos seus filhos, acontecimento que há-de ser o mais marcante de todos os que definem a História Portuguesa por ter representado o arranque do movimento das descobertas marítimas, diz a lenda que foi dando conta de forma consciente de todos os passos pelos quais ia passando. Depois de receber os derradeiros sacramentos, que marcavam o início do processo de desligamento da vida material, a rainha ainda teve ensejo para saber dos avanços do exército dos seus filhos no Norte de África, e de ouvir uma última vez os cânticos sagrados do corpo eclesiástico que sempre a acompanhava.
 
Depois do seu passamento foi enterrada no Mosteiro de Odivelas, de onde foi posteriormente transladada para o Panteão Real construído por Dom João I no Mosteiro da Batalha.
 

Pax Júlia e o Castelo de Beja

João Aníbal Henriques, 19.09.16

 

 
 
por João Aníbal Henriques
 
São muito raras as cidades, sejam elas situadas no actual território Português ou fora dele, que podem orgulhar-se de ostentar um topónimo tão significativo como Beja. O actual nome da cidade, recuperando o topónimo ancestral (provavelmente pré-histórico) do local, deriva da palavra baja, ou seja, lama ou lodo, trazendo à memória a fertilidade excepcional dos terrenos agrícolas que envolvem a cidade. Mas, durante o processo de romanização, iniciado provavelmente no primeiro século antes de Cristo, adquiriu a designação latina de Pax Julia. O pax reverte para o processo de pacificação das populações célticas que foram invadidas pelos romanos, e o epíteto Julia tem a ver com o nome do Imperador que deu forma a esse processo de paz: Júlio César.
 
Beja é, por isso, cidade simultaneamente de paz e de fertilidade, ou seja, tem tudo aquilo de que o Ser Humano necessita para viver bem e usufruir da sua vida! A planície alentejana, dourada pelo restolho quente que dá forma e corpo ao ciclo agrícola, perpetua no tempo os valores antigos de gerações e gerações de Portugueses que se vão substituindo umas às outras neste espaço imenso.
 
E a História de Beja é longa e profícua. Inicia-se provavelmente durante a pré-História, como o indicam os muitos vestígios arqueológicos existentes nas redondezas, e afirma-se de forma peremptória durante o calcolítico quando ali foi construído um povoado fortificado que ocupava o espaço onde hoje se situa o castelo.
 
 
 
Quanto a este, altaneiro a partir das suas muralhas antigas, é produto da evolução dos tempos e das necessidades pelas quais foram passando os muitos pacenses que foram habitando o lugar. Se as primeiras pedras foram colocadas ainda antes da História, tendo-se perdido o seu rasto nos complicados repositórios da memória popular, certo é que os laivos da fortificação mais resistente serão de origem romana. André de Resende, o historiador quinhentista de Évora, assegura, embora sem fontes fidedignas que o atestem, que o local onde hoje se situa o castelo de Beja foi outrora ocupado por um oppidum romano, ou seja, uma fortificação de carácter simples e planta circular, cuja principal função seria a de proteger aqueles que governavam a cidade.
 
O próprio Júlio César, cumulado de glória por ter conseguido conquistar os anteriores habitantes do local, subjugando-os pela força do seu exército mas também pelo carácter imperioso da cultura que o Império Romano representava, terá estado ali para formalizar a paz que conseguira assegurar. O período romano, foi assim uma época de grande prosperidade para a cidade, que foi simultaneamente sede de convento – o Conventus Pacencis – e sede de uma das chancelarias da Lusitânia. Por ali passava uma das principais vias romanas, que permitia a ligação directa à capital do Império, corporizando um impulso urbanístico cujos vestígios são ainda hoje visíveis um pouco por toda a cidade.
 
 
 
O declínio do Império Romano e a sua progressiva desagregação, sendo sinónimo de uma diminuição paulatina do poder detido pelos invasores, representou também ele o início de um período de maior instabilidade no actual território alentejano e, por extensão, na própria cidade de Pax Julia. Os ataques dos bárbaros, sistemáticos e sucessivos ao longo de vários séculos, traduziram-se em várias conquistas e reconquistas que, como facilmente se percebe, significaram também saques e destruição, delapidando as muitas riquezas que existiam na cidade. Será porventura dessa época o período de maior destruição das muralhas do castelo. Sem tempo nem estabilidade para serem reconstruídas, o processo natural de erosão das mesmas e a incapacidade de se proceder a obras de reconstrução, gerou um processo de ruína acentuado, do qual não escaparam as necessidades práticas e quotidianas de pedras para utilização noutros equipamentos e em casas que foram sendo edificadas. É ainda hoje muito fácil encontrar nas ruas de Beja, casas e muros onde são notórias as grandes pedras retiradas da anterior fortificação da cidade e que, século após século, foram dando forma à urbe que hoje ali encontramos.
 
Já na idade média, durante o domínio árabe, foi Beja novamente retransformada numa das mais importantes cidades do Alentejo. Os ocupantes muçulmanos, ali chegados no ano de 711, propuseram-se recuperar o traçado urbano antigo e é dessa época a transição do topónimo romano – Pax Julia – para a ancestral Baja. No entanto, quer pelas guerras internas, quer possivelmente pelas alteração dos eixos estratégicos dentro do território, não voltou Beja a recuperar a grandiosidade de outros tempos.
 
As notícias mais recentes na História da Cidade e do seu castelo são assim do século XII, quando Fernão Gonçalves, chefiando um grupo de populares oriundos de Santarém, ataca a cidade de surpresa alcançando uma vitória retumbante. Embora tivesse sido sol de pouca dura, porque logo depois os inimigos muçulmanos conseguiram voltar a recuperar a cidade, o certo é que até este primeiro esforço de reconquista mostra bem o estado lastimoso em que Beja se encontrava. Um grupo mal armado e mal preparado, naturalmente motivado pela possibilidade do saque a que a vitória do seu ataque daria direito, avança de forma amadora e despreparada sobre as velhas muralhas e facilmente as consegue conquistar.
 
O regresso ao controle cristão não está devidamente documentado, mas um estudo comparativo com o que aconteceu nas redondezas, permite supor que Beja terá regressado à Coroa Portuguesa algures entre 1232 e 1234, dado terem sido estas as datas em que tal processo aconteceu com as vizinhas cidades de Moura, Serpa e Aljustrel. Mas o seu velho castelo, destruído por sucessivos séculos de ataques e de abandono, só virá a conhecer obras de recuperação com o Rei Dom Afonso III que em 1234 atribuiu o foral à cidade.
 
 
 
O Rei Dom Dinis, depois de confirmar o foral inicial, dedicou-se também à reconstrução do castelo, sendo da sua responsabilidade a generalidade dos amuralhamentos que ali hoje vemos. Foi também ele quem, por necessidades práticas associadas à consolidação da fronteira Nacional, mandou edificar a torre de menagem que é hoje um símbolo de Beja. Com cerca de 40 metros de altura, o que faz dela a mais alta de Portugal, foi concebida de forma similar àquela que existe no Castelo de Estremoz, tendo sido concluída provavelmente durante o reinado de D. João I, o fundador da Dinastia de Avis, à qual Beja se manteve firmemente fiel durante o conturbado processo político de 1383-1385.
 
Depois deste período, novamente no Século XVI se realizam obras no castelo, desta vez para o adaptar às modernas exigências técnicas da guerra, que já não se compadecia com a formulação eminentemente medieval da velha fortificação. Apesar deste esforço modernizativo, Beja foi completamente destruída pelas tropas napoleónicas durante as invasões francesas, tendo depois disso mantido o seu carácter humilde de cidade de província, estatuto que manteve até ao final da primeira metade do Século XX.
 
 
 
 
A partir daí, fruto de uma grande aposta do Estado, Beja conheceu um novo período de crescimento. Viu construídas várias escolas e um grande hospital, tendo recuperado alguma das suas antiga pujança. Para surpresa de muitos, ali se construiu um aeroporto internacional, nos idos de 2011, que apesar de não apresentar movimento (!?) é hoje o ex-libris das modernas obras públicas na cidade!
 
Mantendo nas suas armas municipais a figura do touro, recuperado da velha lenda que nos conta a forma como Beja conseguiu matar uma cobra venenosa que aterrorizava os habitantes da cidade, a urbe é hoje um símbolo muito firme da força e da perseverança que sempre caracterizou as suas gentes, sendo capaz de se afirmar como um espaço de excepcional importância para compreender Portugal e para perceber as origens da identidade Portuguesa.
 
A paz que a cidade ostenta, cobrindo de glória os muitos motivos de interesse para uma visita e a inesgotável fonte de História e de história que a cada canto e recanto representam, são marca indelével de um sentido de Portugalidade que é urgente compreender.