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Homenagem ao Comandante Joaquim Theotónio Segurado em Cascais

João Aníbal Henriques, 25.11.24

 

por João Aníbal Henriques

Num acto digno de uma nota especial, a Câmara Municipal de Cascais e a Junta de Freguesia de Cascais e Estoril homenagearam o Comandante Joaquim Theotónio Segurado numa cerimónia que assinalou a gratidão de Cascais às corporações de bombeiros municipais no dia em que se assinala o 41º aniversário das grandes cheias que destruíram a vila na madrugada de 19 de Novembro de 1983.

 

 

No seu discurso de descerramento da lápide comemorativa colocada no jazigo onde repousam os restos mortais do Comandante Segurado, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Nuno Piteira Lopes, sublinhou o génio de Segurado enquanto fundador da primeira corporação de bombeiros cascalense: “41 anos depois desse dia fatídico aqui estamos para lhes reiterar o nosso agradecimento. E fazemo-lo num preito de homenagem ao Comandante Joaquim Theotónio Segurado que, com a sua capacidade de visão e a determinação que todos recordam, fundou em Cascais a sua primeira corporação de bombeiros. Sem ele teriam sido muitas as desgraças que afectariam a nossa terra, e graças a ele estamos hoje convosco para relembrar esta figura de primeira importância para a História de Cascais!”.

O autarca relembrou ainda as palavras sempre extraordinárias do historiador cascalense Pedro Falcão que, sobre o Comandante Segurado disse com muita piada que em Cascais nada se fazia sem o conhecimento e autorização do Comandante Segurado. E assim era. O Comandante Segurado era tabelião notário, autarca, músico, poeta, pintor e bombeiro… para além da primeira corporação de bombeiros de Cascais, fundou ele o teatro, as agremiações de música, a Farmácia da Misericórdia. Foi ele quem liderou o movimento que permitiu a construção do Hospital de Cascais, da Maternidade do Monte Estoril, da Praça de Touros… tudo enquanto tocava na banda dos bombeiros e encenava, produzia e actuava nas peças de teatro que subiam ao palco do Teatro Gil Vicente.

E enquanto autarca, sobretudo durante o conturbadíssimo período da Primeira República, teve a visão de criar em Cascais os primeiros bairros de alojamento social. Foi, aliás, ele próprio quem inventou o conceito, que se espraiou pelo país e que permitiu a milhares de portugueses terem uma casa condigna para criarem as suas famílias! Foi o Comandante Segurado quem em Cascais construiu o Bairro Operário José Luís e o Bairro dos Pescadores, num acto inédito de defesa da qualidade de vida dos Cascalenses.

Numa manhã marcada pelo registo da emoção, em que participaram também a bisneta e a trineta do Comandante Segurado, ainda foi possível ouvir o registo em vídeo das palavras de Maria Margarida Segurado, neta do homenageado e que o conheceu pessoalmente na sua meninice.

Uma manhã plena de Cascais que ligou o futuro do Concelho ao esteio fundador de um dos homens que ajudou a construir os alicerces fortes da Identidade Municipal!

 
 
 
 
 

 

 

Fotografias de Diogo Batista e Vídeo de Pedro Ramos (CMC)

 

José Dias Valente e Helena Quina: uma Homenagem ao Futuro do Monte Estoril

João Aníbal Henriques, 23.09.24
 

 

por João Aníbal Henriques

Cruzaram-se os tempos na homenagem sentida que a Junta de Freguesia de Cascais-Estoril e a Câmara Municipal de Cascais fizeram ao Professor e Pedagogo José Dias Valente e à Pintora Maria Helena Quina em conjunto com a Associação dos Antigos Alunos do Colégio João de Deus.

O mote, sublinhado pelo Vice-Presidente da CMC, Nuno Piteira Lopes, no discurso que acompanhou o descerramento do retrato inaugurado na galeria de notáveis da freguesia, foi colocado nos tempos que hão-de vir, numa alusão apelo directo à importância que o exemplo de excelência dos que nos precederam neste espaço tem para a formação do nosso futuro comunitário.

 

 

O trabalho extraordinário de José Dias Valente na liderança do Colégio João de Deus, marcando sucessivas gerações e oferecendo a Portugal a oportunidade de singrar no futuro recuperando os principais valores da nossa identidade, foi perpectuado pelo traço e a sensibilidade de Maria Helena Quina, e será a partir de agora um marco identitário que ajudará reforçar a importância do seu legado para a formação educativa do Cascais que ainda queremos ter.  

É unânime junto dos antigos alunos a influência que o “Patrão”, como chamavam ao Director Dias Valente, teve nas suas vidas. E é comummente aceite por todos que a passagem pelo Colégio João de Deus marcou toda a comunidade educativa com um traço distintivo que se reconhece facilmente. O respeito e a responsabilidade que José Dias Valente cultivava junto dos seus, e que plasmava na prática pedagógica do seu João de Deus, acompanhava-se sempre de um apelo retumbante à criatividade, à resiliência, e à diferença que todos sabiam que era característica de todos aqueles que por ali passavam.

Nunca houve resignação no Colégio João de Deus. A comunidade educativa, seguindo o exemplo do seu carismático director, sempre se focou nas potencialidades dos seus alunos, reforçando as suas qualidades e utilizando-as como ferramentas para contornar os seus defeitos… fazendo, desta forma, gente forte, com o ímpeto da irreverência que marcou em definitivo as suas vidas e as daqueles que com eles se cruzaram nos caminhos sempre tortuosos das vidas de toda a gente.

 

 

Com esta homenagem, assume-se publicamente que o futuro desta terra terá de se formatar neste seu exemplo, recriando uma dinâmica comunitária onde todos e cada um são essenciais na definição de um futuro congruente.

As flores deixadas junto da sepultura de José Dias Valente simbolizam essa eternidade maior que acompanhou a sua vida, estabelecendo uma ponte entre o seu tempo e o futuro maior que acompanhará a próxima geração de Cascalenses.

Porque uma comunidade sã e responsável vive intensamente as suas origens e os seus alicerces. E a memória de José Dias Valente e Helena Quina é uma efectiva ponte pênsil que a singela homenagem da passada Sexta-feira veio estabelecer como compromisso de excelência para os nossos filhos e netos.